sexta-feira, dezembro 21, 2007
 
:: Um Sonho

Alice já era um bebezão, e então eu procurava um cirurgião plástico para operar os seios. Precisava trocar meus mamilos tipo 1 (0-6 meses) por tipo 2 (6-12 meses).


terça-feira, dezembro 18, 2007
 


- São azuis sim, ó!





segunda-feira, dezembro 17, 2007
 
Aí vem alguém e diz: que gracinha! É menino ou menina? E você não liga, porque sua filha ainda tem aquela cara assexuada dos bebês de uma semana, e o "que gracinha" inclusive foi uma bondade tremenda do sujeito.

Então você veste na sua filha um body cor de rosa, e eis que vem alguém e diz: ô coisinha rica da tia! É menino ou menina? E você pensa que tudo bem, porque os tempos mudam e as cores podem mesmo ser usadas com mais liberdade.

Pra garantir você bota nela lindos brinquinho de ouro. E vem alguém e diz: cuti-cuti-cuti, é menino ou menina? E você deixa pra lá, porque os brincos são tão miúdos e delicados que vai ver a pessoa não viu.

E aí vocês vão numa festa e sua filhinha está deslumbrante de BRINCOS, BANDANA FLORIDA na cabeça e VESTIDO cor de ROSA de BABADOS. Nunca houve no planeta menininha tão encantadora!

E nisso chega alguém e diz: ô lindeza mais linda de Deus!, é menino ou menina?


quinta-feira, dezembro 13, 2007
 

:: O que fazer com um bebê acordado?

Há alguns meses eu era uma barriguda que lia tudo sobre bebês e me preparava para: dar de mamar, trocar fralda e dar banho. E só. Porque um bebê apenas mama e dorme e faz sujeira, certo? Pois é. Mas um belo dia ele termina de mamar e, em vez de revirar os olhinho e capotar de sono, olha pra você com cara de "e aí?". Então você olha de volta esperando o sono chegar, e ele não chega, e os olhinhos continuam pregados em você, abertíssimos, e você se dá conta de essa criança simplesmente NÃO VAI DORMIR NAS PRÓXIMAS HORAS. Pânico! Porque eu não tinha pensado nessa possibilidade. Não me ocorreu que em algum momento eu precisaria entreter a Alice, além de limpar e alimentar trocentas vezes por dia. Céus! O que fazer, meu Deus, com um bebê acordado???

Alice tinha pouco mais de um mês quando resolveu acordar pro mundo. E eu não tinha idéia de como interagir com ela. Sabe falta de assunto? Era mais ou menos isso - e ela sacou e deu pra reclamar, dominada por um tédio mortal. Porque vejam só: a bichinha é absolutamente inepta para o mundo. Tirando funções fisiológicas (bem básicas, diga-se de passagem), ela não sabe fazer absolutamente nada a não ser estar ali, de olhos arregalados, esperando que o mundo se apresente como um lugar interessante.

Foi com muito alívio que percebi que, pra quem não conhece nada, "interessante" pode ser QUALQUER coisa. Basta pôr ao alcance da vista da Alice um brinquedo, um pano, uma revista, uma caixa de remédio. Ou fazer careta, ou levá-la pra frente do espelho, ou acender abajures coloridos.

Barulhos também são muito eficientes. Escovar os dentes na frente dela, por exemplo, funciona surpreendentemente bem. Estalar os lábios, batucar, sapatear. Cantar! Bastar ter um bebê em casa que o impulso de cantar vem incontrolavelmente, já repararam? De Nana Nenê a Sidney Magal, eu despejei nos ouvidos dela o repertório de uma vida. Quando não ocorre música nenhuma, apelo pro lá-lá-lá, hmm-hmm-hmm e até pro ridículo recurso do falar cantando, que funciona assim: “Agora Alice vai tomar banho, pra ficar cheirosinha e ficar bem bonitinha pra visitar a vovóóó”, em ritmo de Marcha Soldado ou coisa parecida. Métrica e rima não importam, mas uma voz bem aguda é fundamental. Ela se esbalda e dá risinhos franzindo o nariz, uma coisa!

Só não tive sucesso ainda com cheiros. Na primeira experiência radical – amassei uma folhinha de manjericão e dei pra ela cheirar – o resultado foi olhão arregalado + choro convulsivo, acho que de susto. Tentei também chocolate, suco de laranja e pasta de dente, sem grandes resultados. Talvez o conceito de cheiro ainda seja muito sofisticado pra ela, sei lá. Ou ela já tenha o cheiro mais delicioso do mundo (mistura de Johnson's, amaciante de roupa e aquele cheirinho de leite típico dos filhotes) e qualquer outra coisa seja inadequada.

Enfim. O fato é que, passado o susto, um bebê acordado é mil vezes mais divertido do que um dormindo. Um bebê acordado ri, levanta as sobrancelhas e dá gritinhos de alegria quando a gente chega perto. Um bebê acordado conversa com os peixes do móbile. Um bebê acordado resmunga bravinho quando sua brincadeira lhe parece cretina ou simplória demais. Bebês acordados são irresistivelmente interativos e fofos. E tudo isso me leva a questionar: por que, meu Deus, os bebês precisam dormir tanto???



quarta-feira, dezembro 05, 2007
 
::Bebêsta II

Então a gengivona da Alice deu pra coçar horrores, tadinha. Ela se desespera e baba e solta impropérios bem alto naquele idioma dos bebês (ãããã... grrrrrr... aeaeae), o que deixa todo mundo em volta meio aflito e morrendo de dó. Diante disso, resolvemos presenteá-la com um mordedor bem borrachudo pra ela gastar a gengiva toda nele.

Aí foi assim: ela agarrou o mordedor com seus dedos gordinhos e tchum! dentro da boca. A mão, não o mordedor.

E ficou ali, feliz da vida, chupando vorazmente a mãozinha enquanto o mordedor batia no nariz.