terça-feira, março 30, 2004
 
:: Sexo, bobagens e simpatizantes II

(ou: Como o google pode alavancar o ibope de um blog falido)

Lu, a gente não precisa falar de sacanagem pra ter ibope. Se a gente agir com alguma sacanagem já resolve. Por exemplo:

Redação: "Meu Domingo"

Domingo foi o almoço de aniversário do Natu, meu avô. Ele fez 90 ÂNUS em janeiro mas o almoço foi só agora - PUTA SACANAGEM, ele podia ter BATIDO AS BOLAS, digo, as botas, nesse meio tempo, já pensou em que POSIÇÃO COMPLICADA isso colocaria a minha família??
Pois então. Família reunida até sei lá que geração, umas 69 pessoas, a galera COMENDO TODAS COM SELVAGERIA, sobremesas MOLHADINHAS de calda, uns molhos PICANTES, várias COMIDAS DELICIOSAS, tudo muito CALIENTE, enfim: uma ORGIA gastronômica da mais alta catiguria. Até esse ponto eu estava me divertindo a valer com a festinha.
Mas eis que chega uma bailarina de dança do ventre, com uma FANTASIA MUITO LOUCA, que meu tio contratou pra alegrar meu avô, que apesar da idade continua meio TARADO (como todos os velhos são, descobri depois, mas isso é outra história). Esse negócio de odalisca é um FETICHE masculino incontestável, os caras lançavam cada olhar LASCIVO pra menina que dava até medo. Começou o SHOWZINHO SENSUAL, pá, a MULHERADA, SEM VERGONHA, se jogando na pista, as tias velhas requebrando, tudo muito salutar. Aí alguém espalha a notícia que eu fiz dança do ventre. Pronto: FODEU! A família se mobilizou na tarefa de me matar de vergonha. Tias, primos, pais, todos começaram a BOTAR MUITA PRESSÃO, e ainda me olhavam como se eu fosse a última das criaturas por não querer REBOLAR E ME CONTORCER na frente do meu avô e cia. Eu resisti o quanto pude, mas chegou uma hora que, coagida PELADINHA (Dinha é a SÁDICA da minha mãe), me vi chacoalhando o corpinho no meio da pista sob os olhos de parentes PERVERSOS, BAIXOS e INDECENTES, fora os garçons que estavam se divertindo à beça com minha performance desmoralizante, garçom é VOYEUR pra CARALHO, isso todo mundo sabe. Pra piorar, minha cunhadinha tirava FOTOS COMPROMETEDORAS, e eu ouvia uma LOLITA SAFADA que era neta de sei lá quem dizendo "ah, isso é fácil... essa virada de mão é baba... ela tá MEXENDO O QUADRIL errado... esse VAI E VEM é básico, conheço POSIÇÕES MAIS ELABORADAS...". Enfim, foi FODA, um SACO, horrível horrível horrível, me senti NUA ali, no final tive vontade de mandar todo mundo ali TOMAR NO CU. Mas me controlei. Afinal, eu detesto BAIXARIA.

Fim.

(PS: eu aumento mas não invento.)


quinta-feira, março 25, 2004
 
:: Um pequeno empréstimo
(Porque nós estamos atravessando um bloqueio criativo, mas pelo menos lemos bons livros!)

Trecho de "Ajude-me, Doutor, que não posso dormir", artigo de Eduardo Galeano publicado em 2000 e que está no livro O Teatro do Bem e do Mal

Ficará o mundo sem inimigos?

Já faz bastante tempo que os Estados Unidos e seus aliados da Otan não fabricam uma guerra. A indústria da morte está ficando indócil. Os imensos orçamentos militares precisam justificar sua razão de ser e a indústria de armas não tem onde exibir seus novos modelos.

Contra quem será lançada a próxima missão humanitária? Quem será o próximo inimigo? Quem fará o papel de vilão no próximo filme, quem será o Satã do inferno que virá? Isso me deixa muito preocupado. Estive relendo os motivos invocados para bombardear o Iraque e a Iugoslávia e cheguei à conclusão alarmante de que há um país, um único país, que reúne todas as condições, todas, todinhas, para ser reduzido a escombros.

Esse país é o principal fator de instabilidade da democracia em todo o planeta, devido ao seu velho costume de fabricar golpes de Estado e ditaduras militares. Esse país constitui uma ameaça para seus vizinhos, a quem invade, com freqüência, desde sempre. Esse país produz, armazena e vende a maior quantidade de armas químicas e bacteriológicas. É nesse país que se situa o maior mercado de drogas do mundo e em seus bancos se lavam milhões de narcodólares. A história nacional desse país é uma longa guerra de limpeza étnica, contra os aborígines primeiro, contra os negros depois; e esse país foi, nos anos recentes, o principal responsável pela matança étnica que aniquilou duzentos mil guatemaltecos, em sua maioria índios maias.

Irão os Estados Unidos se autobombardear? Se invadirão a si próprios? Cometerão os Estados Unidos esse ato de coerência, fazendo consigo o que fazem com os outros? As lágrimas molham meu travesseiro. Queira Deus evitar que se passe semelhante desgraça com essa grande nação, que nunca foi bombardeada por qualquer outra.


Eu adoro o Galeano.


domingo, março 21, 2004
 
:: Palavras

Já repararam como algumas palavras estão em desacordo com seu significado? O dicionário diz X, mas a sonoridade da palavra grita Y. E, na maioria das vezes, o sentido sugerido é bem mais legal do que o sentido real.

- Você viu que o Waldomiro foi indiciado por prevaricação?
- Sério? Quer dizer que, além de cobrar propina de bicheiro, o safado ainda foi pego em ATOS LIBIDINOSOS com MENORES DE IDADE no MEIO DA RUA???


terça-feira, março 16, 2004
 
:: ESSE BLOG ESTÁ ATRAVESSANDO A FAMOSA CRISE DO PRIMEIRO ANO. ESTAMOS SENSÍVEIS, INSEGUROS E CARENTES. QUEREMOS CONFETE. QUEREMOS MIMOS E MANIFESTAÇÕES DE APOIO, SENÃO A GENTE VAI VOLTAR CHORANDO PRA CASA DAS NOSSAS MÃES!


 
:: Mais razões para odiar meu primo

Casa de praia, depois de me encher de pão com doce de leite no café da manhã:

- Arghhh, chega! Isso aqui tá arruinando o meu Projeto Filé!
- Projeto Filé? Filé com capa de gordura, né?


terça-feira, março 09, 2004
 
:: A vida imita a arte. Ou não.

Eu adoro andar. Pode parecer desculpinha pelo fato de eu não dirigir, mas é verdade, eu curto mesmo. Volto do trampo a pé numa boa, meia hora de caminhada por Sumaré e Vila Madalena, na descida. Tranquilíssimo.

Hoje eu saí da MTV mais cedo - já contei que eu voltei pra MTV? - e ia indo numa ótima: especialmente saltitante, falando sozinha (sim, eu falo sozinha. Capítulo à parte) e dando risada da minha vida tão estranha. Cena de cinema, só faltou tocar Vivaldi pra minha volta pra casa virar propaganda de Vinólia, eu caminhando com cabelos ao vento e ar de gazela entre pétalas de rosas.

A grande diferença é que em propaganda de Vinólia não cai uma tempestade na cabeça da garota.

Já que eu estou longe de ser uma garota-Vinólia, resolvi não me incomodar. Um chuveiro quente me esperava, então aproveitei pra tomar água na cabeça com o maior prazer do mundo, prestando atenção no cheiro, no céu, nas ruas vazias e nas pessoas abrigadas me olhando com pena - vai entender, eu era provavelmente a única que estava feliz com aquela água toda. Feliz mesmo, empolgada, quase emocionada, andar na chuva tem um quê de epifania, é um lance meio "conexão com a mãe-natureza" misturado com um sentimento rústico e másculo de "eu ando na chuva mesmo e ninguém tem nada a ver com isso!", tomar chuva de verão ainda por cima é refrescante e serve pra lavar a alma, o que quer que isso signifique, enfim, um daqueles momentos lindos e mágicos do cotidiano.

Provavelmente essa magia toda só vai micar quando eu descobrir que contraí leptospirose.



quarta-feira, março 03, 2004
 
:: querida mari

nesse exato momento, a mari está defendendo o seu trabalho de conclusão de curso e estou rezando e torcendo para que ela se saia muito bem. pena que ela não quis platéia, eu teria o maior em prazer em assistir.

quando encontrei a mari no primeiro ano da faculdade, achei-a metida. nosso primeiro contato foi na aula de fotografia em que pela lista de chamada o fotógrafo tirava uma chapa do próximo da lista. no caso, eu tirava o da mariana. daí foram seis anos de uma convivência que embora pareça natural, foi bastante intensa. talvez, a gente tenha se aproximado mais da metade do curso pra cá, quando as matérias foram se diluindo e a gente foi sendo deixado ao deus dará. como ambos éramos meio perdidos, acabamos fazendo muita coisa juntos.

a mari foi uma dessas pessoas que mudaram o jeito que eu enxergo as coisas. acho que ela não teve essa intenção, mas fez. e sou muito grato por isso. não sei se a gente vai ter a mesma convivência. talvez se eu aprendesse a nadar para sairmos de tripulantes num navio, quem sabe. mas essa menina mora aqui no meu coração. se algum dia eu der para contar histórias como foi sempre o meu desejo e objetivo quando entrei nesse curso de rádio e tv, podem estar certos que haverá muitas marianas espalhadas. pode não ter as sobrancelhas, nem o cabelo. nem o jeitinho malaco de ser feliz. mas estará lá. quem conhece, reconhecerá. quem não, se encantará.

mari querida, obrigado pelos seis anos de amizade, obrigado pelos tantos outros que virão.