segunda-feira, julho 30, 2007
 

:: Infantil, eu?

Então eu fui com mamãe conhecer o mundo encantado dos bebês, também conhecido como Alô Bebê. De bombinha de nariz a berço, eles têm TUDO o que você precisa – e o que não precisa, como é o caso da própria bombinha de nariz.

O mundo encantado dos bebês é bastante divertido, mas tem uma particularidade irritante: divide o mundo em rosa e azul. Se você não souber o sexo do bebê eles te permitem arriscar um amarelinho, um verde clarinho, no máximo um branco (que é polêmico por ser clean demais, e por alguma razão desconhecida as pessoas preferem um bebê empetecado a um bebê clean. Hello?? Menos é mais, minha gente!). Se você sabe o sexo, é praticamente obrigada a levar paninhos azuis ou rosas, sob pena de ser olhada com olhos horrorizados pelas vendedoras e pelas outras mamães que estão no local.

Alice, até segunda ordem, é menina, portanto estávamos sendo arrastadas para o lado rosa da Força. Medo!

(Cabe aqui abrir parênteses para esclarecer que eu adoro rosa. Sério mesmo. Depois de uma infância completamente machinha – entrarei nessa questão num outro post, porque ela explica muito sobre mim – eu descobri, melhor ainda, eu me permiti o rosa, e me converti totalmente. Eu penso rosa, eu ajo rosa e eu acho rosa o auge do glamour. Não se trata portanto de uma questão de cor, e sim de uma questão de princípios: não me parece correto o mundo obrigar minha filha a usar cor-de-rosa. Simples assim. Ok? Fecha parênteses.)

Pra piorar, o rosa vem acompanhado pelos seguintes (e apenas eles) temas infantis: bonecas de trancinhas, bichinhos peludinhos, flores, no máximo borboletas. So boring. Achei aquilo irritante e então, depois de muito ponderar, decidi que só me restava fazer a chata - por quê não?

Eu adoro azul! (mentira) - e pedi pra ver o enxoval “dos meninos”. Mas só tem azul bebê? (voz de decepção.) Não, tem amarelinho, e verdinho, e branquinho. E a moça traz opções, muitas opções. Não sei, não sei... escuta, não tem nada mais adulto, não? Não, óbvio. Achei que a vendedora ia me mandar atravessar a rua e procurar meu enxoval “adulto” nas Lojas Marisa, mas ela permaneceu fina até o fim. Que pena... então deixa eu ver os bichinhos. E lá vem a fauna. Ursinho. Não. Cachorrinho. Não. Coelhinho. Não. Vem cá, todos os bichinhos são assim, fofos? Por que isso?

Foi divertido por uns minutos, confesso. Mas aí começou a ficar tarde, a barriga pesou, minha mãe queria morrer de vergonha, e nada de achar qualquer coisa que estivesse dentro das minhas exigências de pessoa chata. Eu precisava comprar alguma coisa, era o mínimo que eu devia à vendedora, tão solícita e simpática. Por outro lado, não queria sair da personagem, entende? É gostoso, é refrescante e é terapêutico ser uma víbora de vez em quando. Sobretudo na gravidez, quando ninguém briga com a gente.

E aí? Como comprar na Alô Bebê mantendo-se fiel ao postulado “sem cores pastéis, sem delicadeza, sem fofices de qualquer tipo”?

E aí que eu voltei pra casa com a toalha de lesminha e o macacão marrom-cocô.

Céus!

Pelo menos foi uma pechincha. A economia de hoje é a terapia infantil de amanhã.

Mal aí, Alice...



domingo, julho 29, 2007
 
:: alice

2.

do seu nariz, escorre o universo.

os dedos ainda não servem para contar.
por eles as temperaturas anunciam um colapso.
alice atravessa as paredes,
em suas falangetas as rachaduras são ensaios.

3.

alice, como fazer rabo de cavalo
com tão poucos cabelos?

é preciso antes, o cavalo.


sexta-feira, julho 27, 2007
 
:: Dos medinhos - um adendo

Eu perguntei. Yes, I did.

Respirei fundo e mandei, na lata:

- Mas doutor... a mulher tá lá, fazendo força... ("A Mulher". Assim, bem genérico. Não tive o despudor de me colocar na cena. Você também não teria, aposto.) ...a mulher tá lá, fazendo força, pernão aberto... me diz: ela não faz cocô, não?

- Faz
(CÉUS! HORROR, HORROR!). E xixi também.


Por que ninguém nunca mostrou isso nos filmes, por quê???



quarta-feira, julho 25, 2007
 
:: Pelo MSN

. márcio . diz:
tava pensando nesses dias em alice
. márcio . diz:
aih me dei conta q ela jah existe no meu imaginário
BZ diz:
hehe
BZ diz:
ela existe, cara. ta embutida, mas ta aqui. estranho, ne?
. márcio . diz:
acho q ela nasceu qdo eu perguntei pro carlos se ele estava feliz
. márcio . diz:
aih ele de um sorrisao e pum, alice nasceu.


terça-feira, julho 24, 2007
 

:: Dos medinhos


Eu não sei que tipo de mecanismo regula esse fenômeno, mas ele existe: mulheres à beira de dar à luz perdem o medo do parto.

Chocante!

Parir é um dos cagaços universais da mulherada (converse com meia dúzia de amigas pra saber), mas na hora do vamos ver a gente entra em comunhão com a Mãe Terra, encarna a deusa da fertilidade e adquire a calma de um Rinpoche. Entrou tem que sair, baby. É a lei da natureza. Então a gente se resigna e acha lindo e diz amém. Tenho visto muito isso acontecer, aquelas grávidas estourando de barrigudas e com aquela expressão serena de quem sabe o que ninguém mais sabe. Cara de informação privilegiada, sabe como? Uma calma transcendental. Não sei que milagre é esse, mas acontece. A invenção da anestesia deve ter alguma coisa a ver com isso.

É bom que seja assim, porque a mulher grávida é por definição uma criadora de pavores criativíssima e incansável.

Há os medos-padrão: medo da responsabilidade, de botar um filho no mundo doido de hoje, da criança nascer com algum problema, complicações, 6 dedinhos nos pés, etc etc. Esses são universais e relevantes e continuarão existindo até o fim dos tempos. E existem aqueles medinhos específicos de que pouco se fala. São medinhos fúteis, que abafamos pra não parecer que estamos invertendo o valor das coisas. Como todo mundo diz, o importante é vir com saúde, o resto é lucro. Claro. Mas o resto é importantíssimo quando a grávida é você. E dá-lhe medos fúteis: e se a anestesia não pegar? E se eu fizer cocô na hora do “empurra, empurra!”? E se meu filho nascer feio e eu não conseguir mentir que achei ele bonito? E se a barriga não voltar e eu ficar buchuda para todo o sempre? E se meu filho continuar careca e gengivudo até a pré-escola? Por aí vai.

O meu grande medinho-fútil é o do peito rachado. Só o termo já me dá arrepios. Conforme a gravidez avança também avança a necessidade mórbida que os outros têm de te assustar, e você descobre que o parto não é nada comparado com a primeira semana de amamentação. Dizem que dói pacas até o peito engrossar, ficar cascudo e a prova de puxões (e aí você pensa: o que é pior, peito cascudo ou peito rachado? Sinuca de bico...). Os relatos são pavorosos: o bico sangra, as mamas (reparem que peito de grávida sempre vira “mama”) endurecem, vem uma bactéria e faz o leite virar polenguinho. As mães choram, batem o pé e fazem careta – mas não tiram o filho do peito, que espécie de mãe tiraria? Você já está considerando seriamente contratar uma ama-de-leite, ainda existe isso?, quando vem alguém e te indica ações preventivas que vão salvar seus peitos e as mamadas do seu filho: esfregar o peito com bucha no banho e tomar bastante sol. Bora engrossar esses mamilos, mulherada!

No meu caso, esfolar os peitos com a buchinha não é uma opção. Difícil contar isso aqui sem adentrar em detalhes íntimos, mas basicamente é o seguinte: na gravidez os mamilos pulam pra fora como mini dedinhos e a impressão é que vão descolar e cair no chão a qualquer momento. Esfregá-los diariamente não é de forma alguma uma possibilidade. Então me sobrou o sol. Ok, parece fácil e até divertido.

Segue então uma breve historinha da minha primeira e única tentativa de bronzeamento peitoral:

Carlos viajou e eu fui ficar uns dias na casa dos meus pais (e minha casinha da vida inteira) pra matar a saudade, ser mimada e tomar horrores de sol – o quintal lá é mais reservado do que o daqui.

Eram umas 11 da manhã. Sentei-me na grama, levantei a blusa e puxei a calça de moletom até cobrir a barriga – a preguiça de passar protetor solar exigia tais cuidados, de modo que me encapotei toda deixando apenas a linha dos mamilos de fora. Até um chapéu de palha estilo Verão de 78 em Ibiza eu arranjei. Então eu estava ali sentadona, de chapelão, óculos de sol, peitolas de fora, muito digna, tomando meu solzinho. E aí vejo passar por mim um par de pés desconhecidos.

Acontece o seguinte: meu irmão é professor de yoga e dá aulas em casa, num salão no fundo do quintal. Óbvio que isso foi considerado por mim quando decidi fazer um embaraçoso topless no quintal, mas a aula tinha terminado às 10h30, portanto não haveria mais aluno nenhum pra testemunhar aquele triste espetáculo.

Isso era o que eu pensava, mas o fato é que passaram os tais pés, carregando uma moça com cara de assustada. Era uma aluna que tomava banho ali mesmo pra ir direto pro trabalho, o que explicava sua presença naquela hora. Cumprimentamo-nos cordialmente como se nada fosse, me cobri discretamente como se nada houvera e ficamos ali, 15 segundo de silêncio mortal, as duas tentando fazer crer que tomar sol de chapéu de palha, moletom até os peitos e mamilos de fora é algo absolutamente normal. Aí ela seguiu andando e, antes de chegar no portão, se virou e disse: Faz muito bem. Eu tomei bastante sol no peito e consegui amamentar até os 11 meses.

Oh God! Ela ainda foi fofa! Se eu não estivesse quase chorando, teria perguntado se ela me emprestava a casa dela para as próximas sessões.



quinta-feira, julho 19, 2007
 
:: Paradoxos da gravidez II

Ok, acabou a brincadeira. Você está grávida, então é hora de virar adulta. A maturidade vem e se instala. Certo?

Errado. Erradíssimo.

Não tem período melhor na vida pra, depois de grande (ra-ra), você virar uma criança de 5 anos de idade.

Porque perceba o que vai acontecer: os seus pedidos mais descabidos serão atendidos. Seu choro será compreendido. Seu ataques, tolerados. Você vai precisar de alguém para amarrar seus sapatos. Você vai comer todos os Baconzitos que não deu conta de comer até esse ponto da sua vida. Você vai, inevitavelmente (disse meu médico - fear!), fazer um xixizinho nas calças em algum momento lá do final da gravidez.

Enfim, o horror. E mesmo assim todo mundo vai gostar pencas de você durante esse período bizarro, porque você tá grávida e isso é lindo, pô!

É mais ou menos como ser uma criancinha de novo, insuportavelzinha mas tão adorável que dá vontade de morder!


terça-feira, julho 17, 2007
 
:: alice

alice nem nasceu e é a menina mais bonita do hemisfério.
ela é meio pessoa e meio sugestão.
- vais ser poetisa!
- a sua!

alice consegue se finger de ausente, mas seus ouvidos supersônicos
já perceberam a música do silêncio das notas graves.
- samba alice! no surdo do coração!
- bum! bum! bum!

alice cacofônica desenha na espuma da placenta
o abstrato que representa seus pensamentos.
- não presta atenção na metalinguagem!
- o gosto de língua é de verdade.

alice percebeu a variação de temperatura na sua barriga.
na abóboda, ela se encontrou em astrolábios e umbigos.
- uma sugestão? não esqueça do pessoa.
- eu gesto minha mãe para ser mãe.


domingo, julho 15, 2007
 
:: Ando tendo dias de Gisele Bündchen.


Não que eu tenha entrado na lista dos 100 Mais Ricos da Forbes ou dos 50 Mais Sexies da People. Ainda não. Mas nos últimos dias adquiri a envergadura da Gisele!


A envergadura da coluna, pra ser mais exata.


Saca a famosa quebradinha da moça? Aquela gingada de quadril que ela sempre dá no final da passarela?

gingadinha sexy (com lordose)

Pois eu sei fazer igualzinho!

E com a vantagem do barrigão, que se prejeta pra frente criando uma nova curva e harmonizando as formas. Reparem como o conjunto fica mais equilibrado:


Viram, viram?

Há! Toma, Bündchen!



quarta-feira, julho 11, 2007
 
:: Paradoxos da gravidez

Nunca estive tão gorda, e nunca me senti tão magra.


terça-feira, julho 10, 2007
 
"A Pixar é o novo Godard!"

do Carlos, chocado, durante a sessão lotada (de adultos) de Ratatouille no Espaço UnibanCool, segunda às 4 e meia da tarde.


quinta-feira, julho 05, 2007
 
:: From Hell

Quando parecia que Lost tinha estragado a minha vida o suficiente me aparece o infernal Prison Break pra ocupar o resto dos meus (poucos) dias de moça sem filhos e com tempo de sobra. Resultado: eu abandonei os sonhos com Alice (já falei que sonhava com ela toda noite?) e substituí-a, à minha própria filha!, por Michael Scofield e sua corja de malfeitores. Eu agora só consigo sonhar com maneiras de fugir de Fox River.

Essa noite foi assim: eu subia por um telhado, entrava na casa da consulesa da Síria (que era a Ri) e me escondia debaixo de uma fatia de halawi. Fazia sentido, juro! O legal dos sonhos é que as coisas, por mais patéticas que sejam, sempre fazem muito sentido. Eu simplesmente tinha conseguido a fuga do século me escondendo debaixo de uma fatia de halawi (que, pra quem não sabe, é aquele doce árabe da latinha verde, que costuma ser servido em quadradinhos de 6x6cm). Gênia!

O chato disso tudo é que os sonhos com Alice estavam divertidos, e um processo evolutivo interessante vinha acontecendo. Ela foi migalha de pão, um peixe, um mini-leitão, um poodle, uma criança de 3 cm e finalmente um bebê mais ou menos normalzinho. Eu queria ver pra onde isso ainda poderia evoluir nos próximos 2 meses (ela nascer com 20 e poucos anos e diplomada em Harvard, talvez?), mas aí veio o Prison Break e acabou com a festa. Ver o meu interesse, mesmo que só em sonho, migrar da minha filha para um presídio de Chicago é um bocado deprimente e me faz sentir uma pessoa terrível.

Então, se você ainda não foi pego por Prison Break (ou qualquer outro desses seriados do capeta cuja intenção secreta é roubar a alma de quem assiste): run for your life! Sério. Porque essas porcarias tiram o foco do que é realmente importante na vida da gente.


segunda-feira, julho 02, 2007
 
:: Coisas divertidas dos 7 meses

- lanches da tarde

- usar cuecas (que têm o elástico soltinho e acolhem as bandas da bunda por inteiro em vez de dividí-las ao meio como fazem as calcinhas)

- agarrar os amigos pra dançar forró e ver a cara de aflição deles por causa da sua barrigona dura

- ter sempre alguém disposto a amarrar seu tênis ou pegar do chão objetos que você derrubou

- ser café-com-leite nas aulas de yoga e observar os colegas se torcendo enquanto você descansa confortavelmente em lótus

- pedir pro maridão cortar as unhas do seu pé e observar os 5 segundos de pânico dele até você dizer que é brincadeira (pero no mucho...)


:: Coisas não tão divertidas dos 7 meses

- descobrir, aos 27 anos, o que é azia

- sufocar sempre que deitar de barriga pra cima

- ter que andar encurvada pra frente (mas sem perder a majestade!) por causa das contrações de Braxton-Hicks

- botar um biquíni e não enxergar a virilha pra saber se tá tudo ok

- a dificuldade de fechar a porta de banheiros públicos sem amassar a barriga