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quinta-feira, outubro 30, 2008
:: Pode ir armando o coreto e praparando aquele feijão preto... Eu tô voltando! Novidade boa: vou passar uma semana em Sampa em novembro! Eu e Alice. Presente de aniversário que ganhei do maridão, esse ser incrível. É pro casamento de um par de amigos do peito, desses de já faz tempo. Amigos de escola casando entre si, sabe? Adoro! E eu estava MORRENDO DE TRISTEZA de perder a festa. Ia ser madrinha e tudo, imagina a dor de estar longe numa hora dessas. Aí, quando eu já estava conformada, veio o presente. Alegria, alegria! Então tem o casamento, e tem um monte de gentes que eu quero encontrar. Pouco mais de 2 meses aqui e as saudades já são descomunais. Fora que a Alice tem um milhão de truques novos, e fala!, as pessoas queridas não podem perder essa fase tão absurdamente fofa em que ela está. Então ver a família vai ser muito bom. Ver os amigos também. Conhecer ao vivo as amigas de blog também, beliscar a barriguinha grávida da Ri idem, coçar as orelhas da Lana e do Chicão, tomar sol, comer a comida da Vanda, vai ser tudo muito bom. Mas, prestem atenção: eu vou rever A MINHA DEPILADORA, gente! A pessoa que possivelmente me conhece melhor, biblicamente falando, do que todo mundo nessa vida! Isso sim é um luxo!!! Vou voltar pra Paris depilada (até a última ponta!) e de unhas feitas, vai ser a glória! Porque aqui não tem a menor condição. Primeiro: é tudo muito caro (40 euros a “bresilienne” – façam as contas...). Segundo: com que cara eu vou pedir pra uma francesa brava, armada de cera quente até os dentes, pra “cavar um pouquinho mais”? Como vou avisar se a cera estiver pelando? Como vou dar gritos de dor e praguejar livremente diante uma pessoa que eu não conheço? Não dá. Há que se ter muita intimidade numa hora dessas. Não quero uma pessoa estranha, mal humorada e rabugenta me pegando nas partes, deve dar até azar. Eu sou fiel: depiladora é só uma na vida. Eu já tenho a minha, sou muito feliz com ela e permanecerei leal e intocada por mão alheias até a volta ao Brasil. Até lá, vou me virando com meu Satinelle e folhinhas de cera fria mesmo. E só até onde a vista alcança, se é que vocês me entendem. Me falta coragem pra, digamos, ir mais a fundo na questão. (E depois de toda essa reflexão, começo a entender por que, de fato, o maridão me deu essas passagens...) quarta-feira, outubro 15, 2008
:: Domingo no parque Parc de Bercy, 25 de Setembro, umas 4 da tarde. (E isso aconteceu depois de uma sonequinha boa, Alice no carrinho e eu e Carlos na grama. Ê vida.) terça-feira, outubro 14, 2008
sábado, outubro 11, 2008
sexta-feira, outubro 03, 2008
:: Meu ex-futuro promissor Então mamãe dizia que eu ia ser escritora - e eu queria ser veterinária. Minha mãe insistiu pra eu ser escritora, mas eu prestei vestibular pra rádio e tv. Passei, cursei, me formei, trabalhei um bocado de anos na MTV e mais alguns em outras produtoras por aí. Aí deu bode. Minha mãe falou pra eu virar escritora, mas eu fui fazer faculdade de gastronomia pra virar chef. E a faculdade era uma diversão louca mas eu percebi que não tenho o menor talento pra chef. Minha mãe então sugeriu que eu virasse escritora, mas fui estudar café. Aprendi a cheirar, fazer degustação-cega, diferenciar as espécies, contar os defeitos dos grãos crus. Fui fazer um mini-estágio numa fazenda em Minas, comi o fruto do café bem docinho, vi a florada, linda branca perfumada. E fiz curso de barista, e fui trabalhar atrás do balcão do Havanna oito horas e meia por dia, seis dias por semana, ganhando mal. Minha mãe, coitada, pensava assim: minha filhinha estudou tanto (oi, mãe?), fez boas escolas, se formou na USP, e tá aí queimando a mão na máquina de café e esfriando na pia de lavar louça. Por que não virou escritora, por quê?? Então eu engravidei, enjoei horrores com cheiro de café, pedi demissão e virei mãe em tempo integral. Vivendo essa fase maluca, resolvi alimentar esse blog das experiências todas da maternidade. E o blog começou a me divertir. E divertir outras pessoas. E rendeu uma indicação de uma amiga querida, e por conta da indicação um convite pra se associar a um portal feminino, pra ser o "blog da mamãe" linkado ao site. E esse novo blog vai muito bem, me divertindo horrores e me dando de presente um monte de gente legal. Minha mãe dá pulinho de alegria e orgulho e eu, tadinha, entro nos delírios dela e das minhas amigas que falam que eu tenho que escrever um livro e penso, puxa!, sou praticamente uma escritora, quem sabe eu não posso de fato viver disso um dia? Corta. Acabei dia desses, à 1h da manhã, o "Reparação", do Ian McEwan. Chocada, passada, arrebatada. Emocionadíssima, o coração aos pulos. Caralho. CARALHO. Isso é escritor, mãe. Sua filha é um arremedo chinfrim de cronista engraçadinha, e olhe lá. Esse cara sim é escritor. Caralho. (Eu podia continuar com esses "caralhos" por horas, pra desgosto da minha mãe, haha... mãe, um verdadeiro escritor teria algo mais a dizer além de "caralho", pode apostar!) Então people, larguem esse blog besta e corram pra ler Reparação agora, já! É sério! (Menos a parte do "larguem o blog", isso me deixaria arrasada...) quarta-feira, outubro 01, 2008
:: Dos pitos Em menos de um mês aqui eu já tinha tomado umas broncas cabulosas. De gente que não me conhece, atenção. Vou fazer uma pequena compilação dos pitos mais notáveis até aqui: * Primeiro a zeladora do prédio me passou um sabão. Com razão, admito. Na confusão de entrar com o carrinho, eu esqueci a chave espetada do lado de fora da porta de entrada. Ok, eu fui idiota e uma coisa dessas não se faz. Mas gente! Dá um desconto, pô! Estrangeira, perdida, sem falar a língua, chegada há apenas duas semanas, ainda um pouco atrapalhada e com um bebezinho adorável à tiracolo. Fora o sorriso simpático, o ar humilde e aquela malemolência brasileira que pra tudo dá um jeito. Pois não deu jeito: tomei uma bronca federal. A mulher falou comigo como se fosse minha mãe - e digo isso simbolicamente, porque a minha mãe brigaria comigo uns 3 tons abaixo daquilo. Ela bufou (óbvio) sacudindo as chaves na minha cara, falou uma dúzia de coisas, me mandou um olhar de "é patza?" e saiu. Ui que nervios! E assim fui introduzida à rispidez francesa. * Depois tomei uma bufada de um mendigo que dormia na rua. Um mendigo invisível. Não estou falando de invisibilidade social nem nada sociológico do tipo, ele estava invisível de fato, enfiado no meio de uns panos, embaixo de caixas, encostado em uma coluna de concreto. Fez seu cafofo na frente da vitrine de uma "galeria de pequenas invenções" (adoro!), e me bronqueou porque eu falei OH! para alguma maluquice ali e devo tê-lo acordado - eram umas 11 da manhã. Não bastasse tomar a bronca, ainda tomei um susto espetacular com aquela pilha de papelão resmungando em alto e bom som. * Aí teve o motorista gentil. Eu estava esperando na faixa pra atravessar a rua e ele vinha vindo devagar. O farol estava aberto pra ele, então esperei (pedestre formada e graduada em São Paulo, gente! Sou doida?). Como eu não ia, ele ficou puto e me mandou um "anda, caralho!" em francês, acenando com mão pra eu passar depressa porque ele educadamente estava me dando passagem. Ah tá. Gentileza à francesa. Merci meu senhor, e vá-te a merda. * Por fim, a melhor de todas. Essa, felizmente, não foi dirigida a mim. O alvo do pito, pasmem!, foi Alice. A autora do pito, double-pasmem!!, foi uma guriazinha de uns 2 anos de idade. Foi na primeira vez que fomos no tanquinho de areia. Alice estava sentadinha, de baldinho na mão, toda pimpona. Feliz e empolgada, estendia o baldinho pras crianças em volta, tentando fazer amizade. Numa dessas, bloqueou a passagem da menininha com o braço. Resposta: a menina deu-lhe um safanão ríspido e despejou um bocado de resmungos em cima da minha filha, dedinho em riste e tudo. Não entendi picas, of course, mas acredito que ela tenha usado termos chulos e ofendido geral. Eu fiquei olhando passada, com muita vontade de rir e de estapear a menina ao mesmo tempo. Mas aprendi que o parquinho tem uma dinâmica toda próprias e os adultos só devem interferir quando for realmente grave (vou desenvolver esse assunto qualquer dia no guiapratico...). Aquilo ali era chocante pra mim, mas grave não era - sobretudo porque Alice também não entendeu nada, não se ofendeu e nem amarelou. Na verdade ela nem percebeu a bronca, de tão embasbacada que estava com aquela areia toda. Que é o que eu vou fazer de agora em diante. Embasbacar. Dar migué. Ficar com cara de sonsa a cada bronca que tomar, hein?, pardon, é comigo? Porque alguma vantagem a gente tem que ter de não entender a língua - e a braveza - desse povo. |
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