quarta-feira, dezembro 31, 2008
 
:: um filme por dia

como resolução de ano novo, decidi assistir a um filme por dia. tenho andado em falta com o cinema por vários motivos. 1. depois de estudar o negócio, a gente fica meio de saco cheio. 2. odeio as filas de cinema tipo unibanco, cheio de pseudocineastas e tristes críticos de cinema. 3. o cinema em si é caro. 4. as séries de tv estão mais interessantes a cada dia. 5. tenho me interessado muito mais por música.

mas 2009 será diferente. vou pegar o monte de filme que tenho em casa e assistir. vou ver se consigo resenhar alguma coisa e vou postando por aqui. é mais para registro para que não alugue ou baixe o filme duas vezes.

feliz ano novo!


quinta-feira, outubro 30, 2008
 

:: Pode ir armando o coreto e praparando aquele feijão preto...


Eu tô voltando!


Novidade boa: vou passar uma semana em Sampa em novembro! Eu e Alice. Presente de aniversário que ganhei do maridão, esse ser incrível. É pro casamento de um par de amigos do peito, desses de já faz tempo. Amigos de escola casando entre si, sabe? Adoro! E eu estava MORRENDO DE TRISTEZA de perder a festa. Ia ser madrinha e tudo, imagina a dor de estar longe numa hora dessas. Aí, quando eu já estava conformada, veio o presente. Alegria, alegria!

Então tem o casamento, e tem um monte de gentes que eu quero  encontrar. Pouco mais de 2 meses aqui e as saudades já são descomunais. Fora que a Alice tem um milhão de truques novos, e fala!, as pessoas queridas não podem perder essa fase tão absurdamente fofa em que ela está.

Então ver a família vai ser muito bom. Ver os amigos também. Conhecer ao vivo as amigas de blog também, beliscar a barriguinha grávida da Ri idem, coçar as orelhas da Lana e do Chicão, tomar sol, comer a comida da Vanda, vai ser tudo muito bom. Mas, prestem atenção: eu vou rever A MINHA DEPILADORA, gente! A pessoa que possivelmente me conhece melhor, biblicamente falando, do que todo mundo nessa vida! Isso sim é um luxo!!! Vou voltar pra Paris depilada (até a última ponta!) e de unhas feitas, vai ser a glória!

Porque aqui não tem a menor condição. Primeiro: é tudo muito caro (40 euros a “bresilienne” – façam as contas...). Segundo: com que cara eu vou pedir pra uma francesa brava, armada de cera quente até os dentes, pra “cavar um pouquinho mais”? Como vou avisar se a cera estiver pelando? Como vou dar gritos de dor e praguejar livremente diante uma pessoa que eu não conheço? Não dá. Há que se ter muita intimidade numa hora dessas. Não quero uma pessoa estranha, mal humorada e rabugenta me pegando nas partes, deve dar até azar. Eu sou fiel: depiladora é só uma na vida. Eu já tenho a minha, sou muito feliz com ela e permanecerei leal e intocada por mão alheias até a volta ao Brasil. Até lá, vou me virando com meu Satinelle e folhinhas de cera fria mesmo. E só até onde a vista alcança, se é  que vocês me entendem. Me falta coragem pra, digamos, ir mais a fundo na questão.

 

(E depois de toda essa reflexão, começo a entender por que, de fato, o maridão me deu essas passagens...)




quarta-feira, outubro 15, 2008
 
:: Domingo no parque


Parc de Bercy, 25 de Setembro, umas 4 da tarde.



(E isso aconteceu depois de uma sonequinha boa, Alice no carrinho e eu e Carlos na grama. Ê vida.)



terça-feira, outubro 14, 2008
 
:: Outoninho delícia 



(Delícia nada, tá um frio do cacete. Mas que é bonito, isso é.)





sábado, outubro 11, 2008
 
:: Aniversário

Reparem: foi a pessoa fazer 29 anos e a letra do blog cresceu.

Medo.




sexta-feira, outubro 03, 2008
 
:: Meu ex-futuro promissor


Então eu era uma guriazinha que lia compulsivamente tudo que caía na minha mão. Uma pequena intelectual. Gozei (até hoje, provavelmente) da fama de ter lido Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos aos 10 anos de idade - uma mentira espetacular. Mas li um bocado de Rubem Fonseca desde lá até agora. E escrevi redações que foram elogiadas. E ganhei uma medalha de plástico num concurso entre escolas, por conta de uma redação que contava que quando eu era pequena queria pintar um bigode pra ir na festa junina, como meu irmão e meus primos.

Então mamãe dizia que eu ia ser escritora - e eu queria ser veterinária.

Minha mãe insistiu pra eu ser escritora, mas eu prestei vestibular pra rádio e tv. Passei, cursei, me formei, trabalhei um bocado de anos na MTV e mais alguns em outras produtoras por aí. Aí deu bode.

Minha mãe falou pra eu virar escritora, mas eu fui fazer faculdade de gastronomia pra virar chef. E a faculdade era uma diversão louca mas eu percebi que não tenho o menor talento pra chef. 

Minha mãe então sugeriu que eu virasse escritora, mas fui estudar café. Aprendi a cheirar, fazer degustação-cega, diferenciar as espécies, contar os defeitos dos grãos crus. Fui fazer um mini-estágio numa fazenda em Minas, comi o fruto do café bem docinho, vi a florada, linda branca perfumada. E fiz curso de barista, e fui trabalhar atrás do balcão do Havanna oito horas e meia por dia, seis dias por semana, ganhando mal. Minha mãe, coitada, pensava assim: minha filhinha estudou tanto (oi, mãe?), fez boas escolas, se formou na USP, e tá aí queimando a mão na máquina de café e esfriando na pia de lavar louça. Por que não virou escritora, por quê??

Então eu engravidei, enjoei horrores com cheiro de café, pedi demissão e virei mãe em tempo integral. Vivendo essa fase maluca, resolvi alimentar esse blog das experiências todas da maternidade. 

E o blog começou a me divertir. E divertir outras pessoas. E rendeu uma indicação de uma amiga querida, e por conta da indicação um convite pra se associar a um portal feminino, pra ser o "blog da mamãe" linkado ao site. E esse novo blog vai muito bem, me divertindo horrores e me dando de presente um monte de gente legal. Minha mãe dá pulinho de alegria e orgulho e eu, tadinha, entro nos delírios dela e das minhas amigas que falam que eu tenho que escrever um livro e penso, puxa!, sou praticamente uma escritora, quem sabe eu não posso de fato viver disso um dia?


Corta. 


Acabei dia desses,  à 1h da manhã, o "Reparação", do Ian McEwan. Chocada, passada, arrebatada. Emocionadíssima, o coração aos pulos.

Caralho. CARALHO.

Isso é escritor, mãe.  Sua filha é um arremedo chinfrim de cronista engraçadinha, e olhe lá. 

Esse cara sim é escritor. 

Caralho.

(Eu podia continuar com esses "caralhos" por horas, pra desgosto da minha mãe, haha... mãe, um verdadeiro escritor teria algo mais a dizer além de "caralho", pode apostar!)


Então people, larguem esse blog besta e corram pra ler Reparação agora, já! É sério! (Menos a parte do "larguem o blog", isso me deixaria arrasada...)



quarta-feira, outubro 01, 2008
 
:: Dos pitos


Os parisienses são bravos à beça. Por alguma razão que me escapa, passam a vida a bufar. Sério. Nada é mais típico num francês do que isso. Esqueçam boina, cachecol, baguete no sovaco. Se você realmente quer se misturar com eles o negócio é sair bufando mal-humoradamente.

Em menos de um mês aqui eu  já tinha tomado umas broncas cabulosas. De gente que não me conhece, atenção. Vou fazer uma pequena compilação dos pitos mais notáveis até aqui:

* Primeiro a zeladora do prédio me passou um sabão. Com razão, admito. Na confusão de entrar com o carrinho, eu esqueci a chave espetada do lado de fora da porta de entrada. Ok, eu fui idiota e uma coisa dessas não se faz. Mas gente! Dá um desconto, pô! Estrangeira, perdida, sem falar a língua, chegada há apenas duas semanas, ainda um pouco atrapalhada e com um bebezinho adorável à tiracolo. Fora o sorriso simpático, o ar humilde e aquela malemolência brasileira que pra tudo dá um jeito. Pois não deu jeito: tomei uma bronca federal. A mulher falou comigo como se fosse minha mãe - e digo isso simbolicamente, porque a minha mãe brigaria comigo uns 3 tons abaixo daquilo. Ela bufou (óbvio) sacudindo as chaves na minha cara, falou uma dúzia de coisas, me mandou um olhar de "é patza?" e saiu. Ui que nervios! E assim fui introduzida à rispidez francesa.

* Depois tomei uma bufada de um mendigo que dormia na rua. Um mendigo invisível. Não estou falando de invisibilidade social nem nada sociológico do tipo, ele estava invisível de fato, enfiado no meio de uns panos, embaixo de caixas, encostado em uma coluna de concreto. Fez seu cafofo na frente da vitrine de uma "galeria de pequenas invenções" (adoro!), e me bronqueou porque eu falei OH! para alguma maluquice ali e devo tê-lo acordado - eram umas 11 da manhã. Não bastasse tomar a bronca, ainda tomei um susto espetacular com aquela pilha de papelão resmungando em alto e bom som.

* Aí teve o motorista gentil. Eu estava esperando na faixa pra atravessar a rua e ele vinha vindo devagar. O farol estava aberto pra ele, então esperei (pedestre formada e graduada em São Paulo, gente! Sou doida?). Como eu não ia, ele ficou puto e me mandou um "anda, caralho!" em francês, acenando com mão pra eu passar depressa porque ele educadamente estava me dando passagem. Ah tá. Gentileza à francesa. Merci meu senhor, e vá-te a merda.

* Por fim, a melhor de todas. Essa, felizmente, não foi dirigida a mim. O alvo do pito, pasmem!, foi Alice. A autora do pito, double-pasmem!!, foi uma guriazinha de uns 2 anos de idade. Foi na primeira vez que fomos no tanquinho de areia. Alice estava sentadinha, de baldinho na mão, toda pimpona. Feliz e empolgada, estendia o baldinho pras crianças em volta, tentando fazer amizade. Numa dessas, bloqueou a passagem da menininha com o braço. Resposta: a menina deu-lhe um safanão ríspido e despejou um bocado de resmungos em cima da minha filha, dedinho em riste e tudo. Não entendi picas, of course, mas acredito que ela tenha usado termos chulos e ofendido geral. Eu fiquei olhando passada, com muita vontade de rir e de estapear a menina ao mesmo tempo. Mas aprendi que o parquinho tem uma dinâmica toda próprias e os adultos só devem interferir quando for realmente grave (vou desenvolver esse assunto qualquer dia no guiapratico...). Aquilo ali era chocante pra mim, mas grave não era - sobretudo porque Alice também não entendeu nada, não se ofendeu e nem amarelou. Na verdade ela nem percebeu a bronca, de tão embasbacada que estava com aquela areia toda. Que é o que eu vou fazer de agora em diante. Embasbacar. Dar migué. Ficar com cara de sonsa a cada bronca que tomar, hein?, pardon, é comigo? Porque alguma vantagem a gente tem que ter de não entender a língua  - e a braveza - desse povo.




sexta-feira, setembro 26, 2008
 
:: A calça

Já faz um tempinho que eu achei A calça jeans que orna comigo. É um modelo da Colcci, justo mas nem tanto, que faz a mágica de me deixar mais alta e mais magra, e custa um preço ok. Então uso sempre, e quando ela fica estropiada além da conta, eu vou lá e compro outra igual.

 

Pois bem. Fui comprar uma antes de viajar. Achei o modelo, num jeans escuro bem bonito, mas a dita tinha um mar de lantejoulas na bunda - a Colcci tem essa mania idiota de fazer firula, não entendo. Enfim. As lantejoulas são pretas, e isso naquele momento não pareceu grave, no tecido escuro a lantejoula preta some e pronto. Comprei.

 

E hoje fui passear de calça nova. E, dando uma espiadinha no reflexo de uma vitrine (quem mulher resiste a olhar a própria bunda imagem nas vitrines de vez em quando?), notei. Um brilho esquisito na retaguarda. Pontos de luz, que apareciam e sumiam conforme eu andava. Um pipocar de flashes, praticamente. O dia hoje está bem ensolarado, de modo que as minhas discretas lantejoulas negras estavam refletindo raios luminosos pra todos os lados! Às 10 da manhã! Percebem a gravidade da coisa? Estou andando toda fina em Paris, empurrando um carrinho de bebê, enquanto minha bunda pisca para os passantes! Nada pode ser mais insinuante, mais vulgar, mais loira-do-tchan do que uma bunda que pisca. Não pode.


A sorte é que aqui ninguém olha. Pode sair pelada com uma coroa de margaridas na cabeça, que ninguém olha. Ou melhor, olham pras margaridas, porque o povo daqui gosta de uma flor. Pra bunda, neca. Só se for brasileiro. Ou italiano. E nesse caso, olhariam pra bunda que pisca, bunda que não pisca, bunda que rebola, que não rebola, que treme, que não treme…




quinta-feira, setembro 25, 2008
 
:: Dona-de-casa desesperada II



E no meio dessa coisa toda, eu descobri que adoro lavar louça. Amo! 

Porque há todo um ritual que me diverte horrores: depois de um café da manhã cheio de croissants e Nutella (e com uma taxa glicêmica que praticamente me faz sair quicando), eu boto Alice no carrinho, encaixo num canto da cozinha, ligo o som numa seleção classuda e/ou dançante, e me jogo na bucha e detergente. Com direito a reboladas e dublagem de Beyocé usando o batedor de ovos como mic, um verdadeiro espetáculo sensual, às vezes torço secretamente pra ter um vizinho olhando pra não desperdiçar tamanha performance - ok, tenho Alice de testemunha, mas ela não conta, só me olha passada ("aaai mãããe, pára, que ridícula!", ela diria se tivesse uns anos a mais) e dorme em minutos, me deixando sozinha rebolando feito doida. 

Nem ligo. Esses delírios de pop star/sex bomb/popozuda do funk estão salvando meus dias de pacata dona de casa. Adoro!







quarta-feira, setembro 24, 2008
 
:: Dona-de-casa desesperada


O que aconteceu foi que eu tive que virar dona de casa, assim, de uma hora pra outra.  Porque eu sou uma mocinha mimada, admito. Sempre tive ajuda pra um bocado de coisas nessa vida. Então cheguei em Paris pra uma vida de luxo e glamour, e encontrei foi  uma cozinha suja e uma pilha de roupas pra lavar. Na máquina, é verdade. Mas eu, que nunca tinha ligado uma máquina de lavar roupa na vida, apanhei um pouco nas primeiras vezes. E apanhei da lava-louça, do aspirador de pó e dos aquecedores. Tomei uma surra homérica da caixinha de internet e televisão. E tenho tomado uns tapinhas do fogão. De luva de pelica, digamos. Mas mesmo assim é uma vergonha. Eu queria ser cozinheira, gente! Eu fiz cursos, comecei uma faculdade de gastronomia, contei vantagem! A pessoa não pode ter esse background e não saber fazer arroz!

Eu não sabia, quando cheguei. Sabia na teoria, mas a prática nunca funcionou. Então eu botei a culpa na panela, desencanei do arroz e dei de fazer couscous marroquinho, que é facílimo. Mas não se pode viver uma vida plena a base de couscous marroquino, certo? Então insisti, e insisti, e insisti. E continuou dando errado, oh god!

Eu poderia passar o resto do ano comendo baguette com brie, mas tenho um marido pra impressionar. Daí me meti a fazer um jantar de verdade, com vários prato - e pra mim o grande mistério da cozinha sempre foi fazer tudo ficar pronto ao mesmo tempo. Como ando vivendo perigosamente (ha!), inclui arroz no menu. E lá fui eu pro fogão.

Minha gente, era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que eu esqueci do arroz. Larguei ele cozinhando e fui fazer mil outras coisas. Pois foi a primeira vez que meu arroz deu certo. Primeira na vida! Porque foi a primeira vez que eu não abri, não olhei, não provei, não mexi um pouquinho, não aumentei o fogo, não coloquei mais água. O que estragava o meu arroz era essa compulsão louca de ficar futucando em vez de deixá-lo quieto. 

Deixe-o em paz. Esse seria o meu conselho, caso eu soubesse de mais alguém no mundo que não sabe fazer arroz.




segunda-feira, setembro 15, 2008
 
nosso prédio é esse do meio


tanquinho de areia!




quinta-feira, setembro 11, 2008
 
:: Bad Hair Week

Eu vinha achando as francesas muito mudérnas com seus cabelos despenteados. Achei que era uma tendência essa coisa desfiada, com fiapos saindo para todos os lados e gominhos assimétricos escapando do rabo-de-cavalo.

Mas aí, por conta de uma filha pra criar, uma casa pra arrumar e todo um universo infinito que está contido nessas duas coisas, aconteceu que andei pulando umas lavadas de cabelo (não, gente, não pulei banhos inteiros. Não ainda. Foi só cabelo mesmo, por falta de tempo). E descobri que a modernidade tem outro nome: sujeira. 4 dias sem shampoo e eu parecia uma francesinha autêntica, toda descabelada.

***

Sabe aqueles nossos desodorantes "Ação Prolongada, 24 horas"? Tem um desodorante aqui, todo chicoso - da Vichy! - cuja ação prolongada é de 7 dias! Há! Depois o Brasil que é o país da piada pronta... 



terça-feira, setembro 09, 2008
 


:: Já mencionei que estamos em Paris?

jardin de luxembourg


idem


ibidem


a porta do nosso prédio


terça-feira, julho 29, 2008
 
:: Palavrões

Então saiu o resultado da minha endoscopia, junto com uma porção de fotos aterrorizantes que achei por bem não publicar aqui, pra não assustar criancinhas nem ser acusada de divulgar imagens ultra-intra-endo-pornográficas, que é o que elas parecem.

Veio escrito assim: esofagogastroduodenoscopia normal.

Esofagogastroduodenoscopia! São 26 letras, uma a menos que em inconstitucionalissimamente, considerada a maior palavra da língua portuguesa. Legal, né? 

Só não é tão legal quanto hipopotomonstrosesquipedaliofobia, com 33 letras, que curiosamente significa medo irracional (ou fobia) de pronunciar-se palavras grandes ou complicadas. Há!

Anyway, esta também não é a maior palavra da língua portuguesa. A maio tem 46 letras, mas não vou escrevê-la aqui, pois esse post me deixou um pouco hipopotomonstrosesquipedaliofóbica. 

Beijos a todos os bravos que continuam vindo aqui mesmo depois da colossal decadêndencia e triste abandono deste blog!



terça-feira, julho 22, 2008
 
:: The Fuckin' Chicken


Eu tinhe que acordar estupidamente cedo pra fazer uma endoscopia. Estava dormindo na casa dos meus pais, porque o Carlos estava viajando e meu pai iria me acompanhar no exame - pra fazer endoscopia a gente é nocauteado por drogas e fica doidão, falando nada com nada. Um acompanhante para testemunhar esse momento embaraçoso faz-se necessário, infelizmente.


Então eu dormia. Desesperadamente.


Acontece que a nossa vizinha cria galinhas. Não aquela coisa cool de quem tem um ganso, ou dois, no fundo do quintal. É uma galinhada desclassificada e xexelenta, andando solta no quintal imundo e fétido de uma casa caindo aos pedaços. Coisorrorósa. Pois às 3h30 da manhã, um galo maldito, disfuncional e retardado deu pra cocoricar. Achei até um pouco engraçadinho e bucólico no começo, mas ele não parava, era uma coisa que não tinha como ignorar. Porque eu moro em São Paulo, caralho! A pessoa não pode ser acordada por um galo no meio da Vila Madalena, isso não está certo e atormenta qualquer ser humano. Bateu um mau humor monstro - quem já me viu com sono sabe.


Às 3h45 eu ainda achava que uma hora o bicho ia cansar. 
Às 4h eu queria degolar-escaldar-depenar-desossar-fritar-e-dar-pro-cachorro o filha da puta.
Às 4h30 eu tive um ataque de choro. 
Às 4h40, quando ele finalmente parou, eu ja estava irremediavelmente insone. 
Às 6h30 meu pai bateu na porta. 
Às 7 eu estava no carro num mau humor dos diabos, amaldiçoando o diacho do bicho burro até o fim dos tempos. 


Aí a coisa transcorreu assim:


Mariana deitada com um caninho na veia.


Médico: oi, eu sou doutor fulano, tudo bem?

Eu: opa, tudo bem (galo filha da puta do caralho, bicho burro, vizinha nojenta, vida bandida, mundo cão!)

Médico: então, tô botando um remedinho aqui, você vai sentir um pouco de sono, ok?

Eu: ok (mais sono??)

Médico: pronto... se sentir alguma coisa me avisa.

Eu: ok.

Médico: pode fechar os olhos, respira fundo e relaxa.

Eu: ok.

Médico: Mariana? Tudo bem? Já acabou, tá tudo ótimo, levanta devagar e vai praquela salinha dormir, beijo-e-tchau.

(Juro! Apaguei desse tanto, parecia que não tinham passado nem 30 segundos.)

Então eu levantei devagar, e fui pra salinha, e dormi um soninho drogado incrível. Delícia de Dormonid, gente! Que sono gordo, pesado e grudento é esse? Sabe esses sonos maiores que a própria vida, que te deixam abestalhado por hooooras? A-do-rei! E de brinde a gente ainda fica com uma semi-amnésia engraçada e uma simpatia cintilante, sorrindo com muitos dentes para todos os enfermeiros pelo caminho. Ótima coisa pra se fazer depois de uma noite mal dormida - é revigorante e justifica qualquer estupidez que você faça no dia. Endoscopia: adorei e recomendo!





quarta-feira, julho 16, 2008
 
::Resistir, quem há de?

Olha só porque fica impossível atualizar isso aqui:







segunda-feira, junho 30, 2008
 
:: Pelo msn

BZ says: (17:03:53)
que papo foi esse de primeiro de julho??? céus! [marcio mente o dia do aniversario no orkut]
. márcio . says: (17:04:17)
hahahahahaha
. márcio . says: (17:04:23)
vou fazer aniversario todo primeiro dia do mes
. márcio . says: (17:04:28)
ganhei um chapeu!
. márcio . says: (17:04:29)
uhu!
BZ says: (17:05:45)
hahahhah
BZ says: (17:05:46)
boa!
BZ says: (17:05:55)
mas vai contabilizar na idade?
. márcio . says: (17:06:10)
claro! quero chegar aos 100 enxuto


terça-feira, junho 24, 2008
 
:: Uma constatação pouco modesta
(ou Mamãe quero ser piadista)

Disse o Zé Simão dia desses que o povinho da moda é tão, mas tão fashion, que quando vai ao banheiro faz Cocô Chanel.

Caralho! EU deveria ter feito essa piada!

Se eu tivesse 20 anos a mais eu seria o Simão. Juro.


quarta-feira, junho 18, 2008
 
:: Passa lá!

O blog que cheira a talco o mudou de endereço! 

Estamos atendendo em pequenoguiapratico.blogspot.com

(Mas ainda com o selinho meiafina.com.br, portanto ainda um emprego, portanto ainda carente de visitas e confetes. Os comentários agora são abertos, não precisa mais daquela aporrinhação de fazer cadastro - o que você está fazendo que ainda não foi lá dar uma força, hein?) 



segunda-feira, junho 09, 2008
 
:: Dia 3

12h: Almoço num restaurante asiático bacanudo
12h40: Suco de açaí com paçoca no Parque do Ibirapuera
13h15: Almoço num japa da Vila Clementino
14h: Cafezinho no Ipiranga
15h: Almoço num japa do Tatuapé

Dia 4 (domingo)

5h: acordar com uma certa dor de estômago
6h30: levantar com muita dor de estômago
(das 7h às 8h não vou contar o que fiz - mas não é dificil imaginar...)
8h: enjôo
8h15: beber água para tentar aliviar o enjôo
9h: vomitar a água
12h: purê de batatas sem gosto
14h: soninho doente no sofá
16h: canja sem gosto
19h: chá de erva cidreira

... e por aí vai. Tô no esquema purê-canja-purê-chá até agora, tarde de segunda. A barriga pesa como se duas Alices morassem aqui dentro, uma coisa pavorosa. Se durar mais um dia acho que posso absolver minhas jornadas gastronômicas e culpar uma virose. Anyway, o problema é que preciso estar tinindo até o fim da semana. Porque o Dia 5 inclui 3 pizzarias, uma churrascaria e um mexicano. 




terça-feira, junho 03, 2008
 
:: Meu trabalho novo é uma dilíça! -  Dia 2

12h30: Almoço num bufê natureba. 
13h: Temaki e missoshiro. 
14h: Esfiha de carne. 
14h30: Açaí na tigela com banana e granola. 
15h: Chocolate
15h30: Chocolate
16h: Temaki. 
17h: Chegar em casa e ir ver o que tem pro jantar                       (mentira)


De quebra, ainda chego na redação no dia seguinte e ganho da Lulu um cd da Sharon Jones.

Que mais que eu quero?

(Na verdade, eu quero Fasano, D.O.M e Antiquarius, Lu. Tem jeito?) 



sexta-feira, maio 30, 2008
 
:: Querido diário gastronômico, 

hoje eu saí de casa e almocei em um festival de crepes e massas. Aí fui tomar café numa padaria, e depois comi uma fatia monstra de cheese-cake com cobertura de amora num restaurantezinho ali perto. Então fui almoçar num bufê. Aí passei em um café, depois comi um mil-folhas com creme numa confeitaria antiga, e por fim almocei num japonês

Meu trabalho novo é legal ou não é?


terça-feira, maio 27, 2008
 
:: Da série "Diálogos Impertinentes"


- Blá-blá-blá...
- Ti-ti-ti...
- Então aquela é a que é um crânio?
- É. Uma gênia, uma inteligência superior.
 *pausa* 
  Mas também, enquanto eu estava transando ela estava lendo, entende?




segunda-feira, maio 19, 2008
 
:: De mudança II

Agora, mudança de estado: passo de uma mãe desempregada (contradição de termos?) pra uma mãe rebaixada a estagiária da Luiza, essa garotinha tão jovem mas tão competente, grande promessa do jornalismo gastronômico brasileiro, quiçá mundial.

Então, pelo próximo mês, recebo ordens da Lu (com o maior prazer!) na redação da Folha. As atualizações aqui no No-Scrubs podem rarear, mas continuem vindo, meus amigos, porque eu tardo mas não falho!

Continuem visitando o Manual também - as atualizações serão mais constantes porque, diferente daqui, lá eu posso ser demitida.

Assim que possível eu volto pra contar sobre os meus planos de me tornar vereadora.

Beijos a todos!






segunda-feira, maio 12, 2008
 
:: De mudança...

O No-Scrubs segue tratando de assuntos aleatórios. Peripécias da Alice, agora aqui.

(Virou "emprego", viu amigos? Dêem uma força e entrem sempre, tá?)


 


segunda-feira, maio 05, 2008
 
:: A publicidade invertida e seus efeitos

Vem cá: não se toma mais iogurte pelo simples prazer de tomar iogurte? Iogurte agora só serve pra ajudar a fazer cocô, é isso? 

Por exemplo, o Activia. Eu adorava o Activia, mas agora tenho um pouco de vergonha de comprar. Eu passo pelo caixa e quase posso ler o pensamento da atendente: ih, mais uma com o intestino preso! 

Trata-se de um caso evidente de publicidade invertida, dessas que fazem você correr do produto anunciado como quem corre do capeta. Porque os caras juntaram no mesmo anúncio: um marido panaca; uma esposa chata pra chuchu que fica falando "eu não disse?" pro marido panaca; uma apresentadora com um péssimo corte de cabelo, um gráfico explicando os movimentos peristálticos e mostrando, com uma seta, por onde as coisas devem entrar e sair; um bacilo de nome ridículo ("DanRegularis"); e a promessa de devolverem o dinheiro do consumidor que não fizer cocô todos os dias. Resultado: agora eu passo reto pelos iogurtes e só paro nos Danoninhos, que são um pouco infantis mas não chegam a envergonhar ninguém.

Bravo, senhores publicitários!



sexta-feira, abril 25, 2008
 

 :: Alice e o dente 

Entre uma mordida banguela aqui e outra ali, eu me dei conta: tá nascendo o primeiro dente da Alice. Ainda nem chega a ser um dente, é mais um serrotinho brotando da gengiva que a gente percebe quando passa o dedo (ela fica bravíssima). Mas tá lá.

Então minha filha já tem dente, que mocinha! Minha reação? Fiquei com vontade de chorar. Sério. Estou vivenciando o luto da gengiva – mais um, entre tantos outros lutos que a gente vive quando tem filho. Porque você ainda tá se acostumando com aquela pessoinha daquele jeito e quando vai ver, já foi. Ela já mudou e nada será como antes. Minha sensação é: a Alice nasceu anteontem, sentou ontem e hoje tem um dente. Se continuar nesse ritmo, ela vai aprender a falar amanhã, a escrever depois de amanhã e na semana que vem vai estar com 15 anos, cheia de piercings e gritando que me odeia. Daqui a um mês eu viro avó! Deu pra sentir o drama?

É tudo muito rápido, cara! E eu sinto que tô perdendo o bonde. Mesmo estando aqui do lado dela todos os dias, vejam só. Mandei a licença-maternidade pras cucuias e me dei esses primeiros meses da vida da minha filha de presente - um luxo que valeu muito a pena, pra mim e pra ela. Imagino como deve ser difícil sair de casa de manhã e perder cada sorriso, cada truquezinho novo, cada coisa que eles aprendem todo dia – e são tantas que até estando do lado é difícil acompanhar. Quando bate a crise de estar “improdutiva” por tanto tempo, é isso que me anima. E, verdade seja dita: improdutiva o cacete, né? Tô no trampo mais cansativo, mais exigente e mais relevante da minha vida. E, de quebra, o que me dá mais prazer, apesar dos pesares.

Mas eu falava do dente, do luto e das gengivas. Acontece que eu me apeguei às gengivas. As gengivas são uma feliz surpresa que os bebês trazem consigo, apesar de a primeira vista não valerem grande coisa. Antes da Alice nascer eu tinha mil expectativas, mas nunca, nunquinha, dei nada pelas gengivas dela. No entanto, aí está: elas estão com os dias contados e eu estou sofrendo horrores. Porque elas são lindas! São rosinhas! São rendadas! Os dentes não estão lá mas o espaço está reservado pra eles, delimitado por essa espécie de renda bonitinha que divide a gengiva em lotes. Uma graça. Bebês banguelas são simpáticos e fofinhos com aquela boquinha murcha, e vou sentir falta da Alice desdentada – apesar de saber que bebês com dentes são incríveis também, principalmente quando são só os dois dentinhos de baixo e o bebê fica parecendo um buldogue pelado, com aqueles dentes proeminentes e bochechonas balançando.

Enfim, ser mãe é exercitar o desapego, certo? Então vou dar adeus às gengivas muito dignamente e comemorar o dente segundo a tradição árabe: com um “Trigão”, que é uma sobremesa feita de trigo, nozes, amêndoas e outras coisas duras que representam tudo o que um ser possuidor de dentes pode comer. E todos comeremos – menos o bisavô da Alice, que já há algum tempo deixou de possuir dentes, e a própria Alice, que começa a possuir dentes mas não sabe usá-los e cuja mãe não é louca o suficiente pra mergulhá-la em açúcar e afins tão cedo.

Então é isso. Que venham os próximos dentes - mas venham depressa, senão a Alice vai ficar a cara do Chico Bento, com aquele dentão solitário. E Chico Bento, convenhamos, não dá. Tudo tem limite nessa vida. Até amor de mãe.



quarta-feira, abril 23, 2008
 
:: Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar

E esse sujeito que se meteu a voar amarrado em bexigas coloridas?

Isso é que é acreditar em Deus, hein? Não é à toa que é padre.


terça-feira, abril 22, 2008
 
:: treme-treme

Cacilda! 

Primeira vez na vida que eu sinto um terremoto! 

Tava aqui no computador quando minha bunda balançou e a água da garrafa em cima da mesa trimilicou-se toda. Gritei pro Carlos se ele tinha sentido o terremoto, rá-rá, e ele não achou a menor graça e disse que não. 

Agora entro na internet e aí está: 5,2 na escala Richter. 

Cacilda!



 
Taí, pra quem gosta: mais uma criança assassinada.

Agora eu quero ver uma multidão na favela em Itaquera onde ele morava clamando por justiça. Quero os aposentados, as fofoqueiras, as crianças com desenhos na mão, as faixas, os gritos. Quero ver o Bin Laden Brasileiro, o mané com asas de anjo, o sósia do Roberto Carlos, o senhor que veio dirigindo de Goiânia. Quero homenagem do Padre Marcelo e abraço da Xuxa, da Ivete e da Hebe na mãe do menino.

Puta palhaçada.


quarta-feira, abril 16, 2008
 
:: Faking it II

Minto. Tem uma coisa que me assombra ainda mais que a tosse fingida: Alice aprendeu a dança do mamulengo inventada pelo meu pai.

Eu não sei bem como aconteceu. Largamos a pequena com os avós e fomos ao cinema. Na volta, a novidade - Alice se requebrando toda e jogando a cabeça pra lá e pra cá feito um headbanger, uma coisa chocante para um bebê de 7 meses.

Caceta, baixou a Joelma na minha filha!, pensei, e aí veio meu pai e contou, todo pimpão, que tinha ensinado a neta a dançar. Enquanto a minha mãe trocava uma fralda, ele decidiu executar a tal dança do mamulengo, que consiste em dar passadas trôpegas com a cabeça balangando e os braços soltos em todas as direções feito um boneco de Olinda (aposto que quem conhece meu pai visualizou direitinho a cena). Alice achou divertido e decidiu incluir a dancinha no seu repertório de gracinhas para impressionar mamãe e papai.

Pois impressionou - e muito. Só que a dança do mamulengo, apesar de bonitinha, não serve pra muita coisa, além de ser potencialmente perigosa. Impressionada mesmo, pra valer, eu vou ficar se meu pai ensinar a Alice a usar o vaso sanitário.


terça-feira, abril 15, 2008
 

:: Faking it

Das várias habilidades que Alice desenvolveu recentemente (mostrar a língua, dar tchau, gargalhar com deboche, tungar óculos dos desavisados, depilar os braços do pai), nenhuma me causa tanto assombro quanto esta: ela finge acessos de tosse pra chamar a atenção. Malandragem é coisa inata, gente, quem diria?



sexta-feira, abril 11, 2008
 
:: Dieta djá!

A promesso de uma conta de e-mail gigante e à prova de superlotação, mais o fato de que o Google vai dominar o mundo, me fizeram criar uma conta no Gmail. Tá certo que no contrato, em letras miúdas, eles contam que lêem os nossos e-mails (e juram guardar segredo!), mas é por uma boa causa: assim eles podem rastrear os nossos interesses e colocar ao lado do e-mail links úteis e personalizados.  Ok, parece justo. E é sempre engraçadinho quando o Gmail sugere links bestas como  "restauração de lupas", "curso: martelinho de ouro" ou "guia NY para mãos-de-vaca."

Engraçadinho até hoje, quando ao lado de umas fotos minhas que eu mandei pro Carlos, sem texto algum no corpo do e-mail, apareceu o link "fotos de mulheres gordas".




quinta-feira, abril 03, 2008
 
:: Mãe Baranga 2008

Alice tá querendo me derrubar, assim não é possível.

Antes que a patrulha das mães zelosas me dê um pito, quero deixar claro o seguinte: tudo vale muito a pena porque ela é encantadora e me faz rir todos os dias, o que no fim das contas é o que importa nessa vida. Ok?

Mas o fato é que eu ganhei quilos por ela. Ganhei olheiras por ela. Ganhei uma ruga de preocupação no meio da testa por ela. A pele perdeu o viço (apesar de Carlos e Jojo terem dito que não - mas eles me amam muito, então não vale). As costas doem e a postura não é mais a mesma. Perdi um bocado de cabelo enquanto amamentava. E agora ela deu de pegar o pouco cabelo que me resta e arrancar aos tufos. Depois olha intrigada para as próprias mãos cheias de fios, e olha de volta pra mim, e ataca de novo, e provavelmente só vai parar quando não sobrar cabelo na minha cabeça.

O que à primeira vista parece mais um daqueles comportamentos inocentes e sem sentido dos bebês na verdade esconde um golpe muito bem dado. Porque Alice tem aquele cabelo curtinho fofo dos bebês, vista de frente. Atrás, onde deita a cabecinha no berço, tem uma careca ridícula. Carequinha de padre, sabe como? Um tipo clássico de calvície infantil. Não há pessoa que não diga “que lindinha” quando a vê de frente e “HAHAHAHA, OLHA ESSA CARECA!!” de costas. Então, se ela conseguir cavucar um buracão no meu cocuruto, talvez consiga desviar a atenção da própria calvície.

Minha filha pode não ter muito caráter, mas que é esperta, isso é.



terça-feira, abril 01, 2008
 

Eu tinha um salsicha bravinho chamado Dust. Amava o bichinho por razões que a própria razão desconhece, porque ele era terrível. Desses pequetitos invocados, sabe? Aquela arrogância invertida dos baixinhos, como disse certa vez Chico Buarque. Do alto dos seus 25 cm de altura, ele tinha a ambição maluca de ser o líder da casa. Mandava no Chicão, por exemplo, que é um labradorzão. E sempre disputou - na porrada - a liderança com nós, humanos.

Tomei mordida do Dust nos nossos 16 anos de convivência. Depois que ele perdeu os dentes, inclusive. Eu achava o fim do mundo as mordidas de gengiva dele. Mesmo. Era patético. Ele rosnava, franzia a fuça e atacava, um espetáculo deprimente e sem sentido que eu nunca entendi. Aí ele morreu, e foi horrível, e eu sinto saudade até da agressividade banguela e ridícula dele.

Pois não é que agora a Alice deu de me morder com a gengiva? Quando ela tá sentadinha na cama e eu deito a cabeça no colo dela é batata: ela vai tombando pra frente, bocão aberto, e nhac na minha bochecha (ou olho, ou nariz, ou testa). Mordidão de gengiva, bem babado! Às vezes ela muda de estratégia e dá um bote rápido quando eu tento beijá-la. Eu vou chegando pro beijo, ela faz que não notou e de repente tchum! vira a cabeça e tenta morder o que estiver ao alcance da boca. Eu adoro, claro! Porque, diferente das gengivadas do Dust, as da Alice são mordidas de amor. E ela tem um bafinho gostoso de leite, infinitamente superior ao budum dele, que era de matar.

Enfim, andei lembrando do Dust por conta disso. Pensei em botar uma foto dele desdentado pra ilustrar o post, mas me pareceu falta de respeito com o finado. Aí achei essa, de 1990: Dust com 2 meses, mostrando como seria a nossa vida dali pra frente. A vítima é minha mãe.




segunda-feira, março 31, 2008
 

Agora eu já posso falar: apaixonei-me loucamente pela minha filha.

Porque nos primeiros meses a gente ama. Ama quase por obrigação, ama porque a natureza quis assim, mas verdade seja dita, o bebê não faz lá muito esforço pra ser amado. Muito pelo contrário.

Mas agora, o que é isso, gente? Agora veio essa paixão louca e arrebatadora que me faz querer morder as bochechas dela a cada 3 minutos, e querer afundar o nariz no cangote dela, e abraçar com força até ela resmungar - porque ainda tem isso: ela agora é abraçável, coisa inconcebível há alguns meses, quando ela mal tinha volume, tadinha. Agora ela ganhou corpo, costas, dá pra dar uns abraços muito bem dados, é uma delícia! Tenho que me controlar muito pra não deixá-la roxa de tanto apertão.

Aconteceu que ela desabrochou. De repente deixou de ser um bebezinho frágil e virou a criaturinha mais adorável e interativa da face da terra, que senta, mostra a língua, gargalha, bufa de raiva, conversa dá-dá-dá. E o melhor: se atira nos meus braços quando me vê. Porque ela também acaba de se apaixonar loucamente por mim! Timing perfeito, a natureza é sabia ou não é?

(foto tirada pelo Marcio - amigo do peito, companheiro de blog e autor do vídeo incrível aí embaixo)


sexta-feira, março 28, 2008
 
:: Alice acenando pra mamãe na velocidade da luz


(Post picareta, admito. Mas é que ando meio sem tempo de atualizar isso aqui. Criança dá trabalho, gente!)


quarta-feira, março 19, 2008
 
::Funchiquem?

Como soube que algumas futuras mamães andam passando os olhos por aqui, resolvi tornar esse blog um cadinho educativo. Vou aproveitar o espaço para contar alguns truquezinho que a vida me ensinou. Sendo "a vida", no caso: mãe, tias, cunhadas, Tainah, Dani, os médicos, os livros, o fórum dos bebês e, por que não?, a própria Alice (esqueci de alguém, aposto).

É claro que nada me credencia a dar dicas a não ser o fato de ser mãe há pouco mais de 6 meses. Uma palpiteira é sempre uma palpiteira, então sempre ouça um médico primeiro, ok? Advertência de segurança colocada, vamos falar a verdade: o que é ser mãe se não palpitar e ser palpitada, gente? Taí a imensa e universal Confraria das Mães pra provar. Outro dia falo disso, pois já estou divagando demais nesse post e as pessoas vão ter preguiça de ler (sei bem como são essas grávidas sonolentas...)

Enfim, a dica do dia:

Se eu precisasse dar um conselho para novas mamães em apenas uma palavra, ela seria: Funchicórea. Não se impressionem com o nome esdrúxulo. Funchicórea, meninas, é a prova definitiva de que Deus existe!

Funchicórea é um pozinho cor-de-rosa numa embalagem de antigamente. O rótulo diz que é um fitocomposto à base de chicória, funcho e ruibarbo, natural e sem contra-indicações, mas há quem diga se tratar de um composto de Valium, Prozac e Dormonid, o que pra mim faz muito mais sentido. O gosto é de açúcar - e se açúcar funciona com você, amiga mulher, nas horas do aperto, pense no que não pode fazer por um recém-nascido histérico em termos de conforto, controle da ansiedade e delicinha. É tipo chocolate na TPM. Ou aquele velho truque do melzinho na chupeta, sem o melzinho, que é proibido para bebês, atenção! - consulte seu pediatra para saber mais.

Funchicórea funciona assim:

Bebê chorando --> Mãe chorando --> Chupeta à milanesa coberta de funchicórea (aliás, pra mim "chupeta" é a segunda palavra vital da maternidade. Há controvérsias, eu sei, mas com Alice funciona que é uma beleza) --> Bebê quietinho e de olhos arregalado, chup-chup-que-delícia --> Mãe feliz --> Bebê dormindo --> Mãe dormindo (por 1 ou 2 horas) até ser acordada por...

Bebê chorando.

(Continua forever and ever, por um mês inteirinho, ou mais.)

2 horas de sono ininterrupto parecem pouco agora, mas vão ser um luxo quando for a hora, acredite. Por essas 2 horinhas eu ajoelhava no chão duro e agradecia à Funchicórea todo dia de manhã (manhã, noite, que diferença faz quando se tem um recém-nascido, eu pergunto?).

Então a gente comprou muitos potinhos e espalhou pela casa, carrinho, sacola do bebê, casa de parentes - outra ação que eu recomendo fortemente, porque encontrar a Funchicórea é bem difícil durante um ataque de fúria do seu bebezinho. E assim sobrevivemos felizes aos primeiros meses de Alice, que agora já é grandona e madura e só vai voltar a recorrer a coisas docinhas pra se acalmar quando fizer uns 13 ou 14 anos.

Fim.

(Ah é: já ouvi relatos de bebês que eram completamente imunes à Funchicórea. Se esse for o caso, pelo menos você aprendeu um nome bem feio pra praguejar nas horas de raiva.)


quarta-feira, março 12, 2008
 
:: a véspera de alice



terça-feira, março 11, 2008
 
:: Madrinha

O maior presente na vida de uma grávida de primeira viagem é outra grávida. De preferência um tantinho adiantada na gravidez. Uma que esteja sempre um passo à frente, e disposta a entregar o mapa da mina.

A Tainah é uma aquisição recente na minha vida. Sabe a família que vem de brinde com o casamento? Então. A minha família-brinde é incrível e ainda veio com a Tatá, gravidíssima na época e generosíssima sempre. Tecnicamente ela devia ser minha sobrinha, mas é um pouco humilhante pra mim chamar de sobrinha um mulherão daqueles, quase da minha idade e bem maior do que eu. Então ela ficou sendo prima. E, de quebra, madrinha de gravidez. Com quase 6 meses de vantagem, ela me entrega todo o serviço. Entregou na gravidez e continua entregando agora, com as experiências que acumula com a deliciosa Nina, filhota dela. O triste é que elas moram no Rio, então o contato não é tão freqüente quanto eu gostaria. Mesmo assim, ela fez TODA a diferença na minha gravidez e nesses primeiros meses como mãe.

A Tainah me deu o livro salva-vidas das grávidas. Ela sabe quais brinquedos fazem sucesso com bebês, e por idade. Me ensinou a lidar com engasgos. Emprestou a bombinha de tirar leite. Salvou a amamentação da Alice, me dizendo o que fazer quando o bebê ameaça largar o peito.

E o mais importante de tudo: ela me tranqüilizou. Ver o prazer que ela tem em ser mãe me acalmou muito no final da gravidez. Porque eu vi que é possível ser mãe e continuar “igual”, no bom sentido. A Tainah é uma menina novinha, moderna, baladeira, cervejeira. E que não perdeu o jeito de garota com a maternidade. Não vi nela, em nenhum momento, aquela coisa de mãe chata, careta, culpada ou sofredora. E mesmo assim é completamente mãezona, ver ela e a Nina juntas é das coisas mais lindas do mundo. E o que é a Nina, meu Deus? Nina tem o mais incrível repertório de truques, trejeitos e fofices que eu já vi numa criança. Eu fico só olhando e torcendo pra Alice ficar adorável e bem-humorada feito ela.

(E como se não bastasse, ainda tem o seguinte: a Tatá é figurinista. O que torna a Nina a criança mais descolada e bem vestida do Leblon e a Alice, herdeira de estilo. Sacolas com roupas incríveis chegam por sedex de tempos em tempos. Até hoje não precisei comprar roupa pra Alice, graças às doações da Tainah...)





Enfim, essa falação toda é pra agradecer, muito e sempre, à Tainah. E pra desejar feliz aniversário (com um tantinho de atraso, como é do meu feitio) pra Nina, que acaba de fazer um ano – com direito a passinhos e dentinhos novos! Ficamos tristes de não termos podido ir pro Rio dar um beijo nessas bochechas, então vai mais um beijão virtual por aqui... Parabéns, princesa!







(Por fim: você, leitora que quer engravidar, trate de arrumar uma madrinha de gravidez agora, já! E para as minhas amigas de saco cheio da minha campanha "Engravide em 2008": tem alguém aqui doida pra amadrinhar alguém. Fica a dica.)



quinta-feira, fevereiro 28, 2008
 
:: Se cuida, Renato Machado!


Ontem foi dia de despachar Alice pra casa da avó pra ir me embebedar numa degustação de vinhos.

Esse universo dos vinhos é engraçado. Ao mesmo tempo em que é pedantíssimo, é divertido e até simpático. Tem coisa mais simpática do que um monte de adultos afundando o nariz na taça e dizendo, hum, esse vinho está fechado, quase discreto, já este está se abrindo, se revelando, sinto notas de xixi de gato, tabaco e frutas vermelhas?

11 pessoas numa mesa de restaurante, todos profissionais, entendidos ou ao menos simpatizantes do assunto. Mais o Carlos, que engana direitinho, e eu, que gosto de Sangue de Boi, Chapinha e afins (mas tive o cuidado de não mencionar isso à mesa, claro).

Era uma degustação às cegas. Cada um recebia 3 taças numeradas e uma tabela de avaliações, mais a ficha técnica de cada amostra. Tudo em branco, pra gente completar no decorrer da degustação.

Pra começar, o senhor simpático que conduzia a ação já entrega: as 3 amostras são de Cabernet Sauvignon da Argentina. Todo mundo anota na ficha, e tenho meu primeiro momento de tensão: não tenho lá muita certeza de como se escreve isso. C-a-b-e-r-n-e-t, com T mudo no final, S-a-u-v-i-g-n-o-n, é assim?, pensei tampando meu papel por medo de olhares críticos dos meus vizinhos.

Aí a brincadeira começa pra valer.


TESTE VISUAL - Olhar para o vinho. Notar a cor. Pôr o papel branco atrás das taças pra comparar, e por fim anotar comentários e dar notas de 1 a 3.
Ok, fácil: o vinho 1 é cor de vinho. O 2 também. E o 3 também. Iguaizinhos. Mas ouço os meus colegas falando bonito, dizendo que esse é cereja escuro e aquele é vermelho profundo, levemente mais brilhante do que aquele outro, o que tem unha maior (???) e lágrima mais persistente. Hum. Então dou notas 3-2-3, pra mostrar que eu também sei notar a diferença entre cor de vinho e cor de vinho, e a cor de vinho da amostra 2 perdia ligeiramente para a cor de vinho das outras.


TESTE OLFATIVO - O famigerado momento de meter o nariz. Primeiro com a taça em repouso e depois balançando, pro vinho respirar e se abrir em todo o seu esplendor.
Minha avaliação - Taça 1: álcool. 2: também. 3: idem ibidem. Céus, cadê meu olfato apurado numa hora dessas? Cadê meu curso de degustação de café? Decepcionada comigo mesma, insisti nas narigadas até concluir o seguinte: o 1 cheirava a vinho gostoso e docinho, o 2 era meio metálico e o 3 parecia borracha queimada. Fiquei especialmente orgulhosa com o "borracha queimada", que achei de uma precisão absoluta e além de tudo é um termo que super me pareceu desse universo dos cheiradores profissionais.


TESTE GUSTATIVO - Nós viemos aqui pra quê, afinal? Então me joguei nas taças, sempre com muita elegância e atenta às sutis nuances que elas revelavam a cada gole.

Taça 1: Nhé. Um gosto inesperado, bem diferente do cheiro. Muito seco e com um aftertaste (hã, hã?) amargo e persistente. Não gostei.

Taça 2: Nhé. Gosto de lata, daquelas latas de coca-cola antigas que às vezes vinham meio enferrujadas, sabe? Não gostei.

Taça 3: Nhé. Pertuchento, como diria meu pai. Desceu amarrando a boca. Não gostei.

Não anotei nada disso na ficha, só pensei. O resto da mesa parecia satisfeito. Concluindo que mandei mal, achei por bem continuar provando, e provando, e provando, até conseguir formar alguma opinião que prestasse.

TESTE GUSTATIVO, Round 2

Taça 1: O começo é gostoso, frutadinho. O amarguinho do final é que incomoda um pouco.
Taça 2: Lata.
Taça 3: Opa, agora senti a borracha. Mas não é ruim não. Tem corpo e enche a boca.

TESTE GUSTATIVO, Round 5

Taça 1: Diliça!, mas o amarguinho final incomoda um pouco. Só um pouco.
Taça 2: Lata? Não, isso é gosto de injeção. Sei lá... é bom, até.
Taça 3: Nham-nham! Muito tanino, né? Tanino é bom? Ah, então beleza!

TESTE GUSTATIVO, Round 8

Taça 1: noussaaaaa... tem o gosto do cheiro da Alice, docinho que nem ela, que estranho!
Çata 2: moço, acabô esse aqui, completa pra mim?
Caca 3: como é que é que você anotou aí no 3, amor? "Urina", "sauna" e "aspargo"?? Hahahaha!! Põe aí também: "pneu de caminhão" e "elástico de estilingue"! HAHAHAHAHA!!! Opa! Desculpa, meu senhor... a camisa era nova? Vinho mancha, é? Moooça, enche aqui, por favor, pra mim e pra esse senhor, que a gente tá precisando!

Claro que o round 8 é fictício e mostra o que aconteceria caso houvesse nas taças vinho suficiente para 8 rodadas. Felizmente parei no round 5 com a seguinte conclusão: o 1 é bom, o 2 é ruim e o 3 é marromenos.

Somadas todas as avaliações, o vinho 1 foi o grande vencedor da noite e acompanhou o jantar delicioso que veio a seguir (ah tá, agora sim a gente vai beber!).

Então nós comemos e bebemos e voltamos pra casa felizes, cantando e trançando as pernas. E eu ainda tive que disfarçar minha embriaguez da minha mãe na hora de buscar Alice, coisa que não fazia desde os meus 23 anos e que evidentemente não funciona, haja visto que ela acaba de me telefonar pra perguntar se eu "tô melhor".

Fim.

(E Lu, você TEM QUE IR COMIGO da próxima vez! É uma diversão sem par!)


terça-feira, fevereiro 26, 2008
 
:: É muita emoção pra uma terça-feira


Hoje eu fui ao cabeleireiro dar um trato nas madeixas.

Eu e... BIANCA EXÓTICA!


Sim! A diva estava ao meu lado dando uma geral no picumã, minha gente! Demorei para reconhecê-la ali naquele processo todo, com os cabelos molhados e grudados na cabeça. Mas bastou um escovão para recobrar o glamour, levantar da cadeira e pronto, ali estava ela, de míni (mínimíssimo!) vestido branco e metro e meio de pernão de fora.

Eu já desconfiava, mas hoje confirmei: precisa ser macho pra caralho pra ser Bianca Exótica.


sexta-feira, fevereiro 22, 2008
 
:: Você sabe que está acordando cedo demais quando...


... sua filha te chama de manhã e por um instante você pensa: gente, essa menina ainda não dormiu?

... liga a TV pra ver Video Show e dá de cara com a Ana Maria Braga

... ao checar por que o almoço está demorando tanto se dá conta que são 9h30 da manhã

... o boa noite que te leva pra cama é o do William Bonner no fim do Jornal Nacional



 
Uma das coisas mais bonitinhas do mundo é a Alice comendo sopa.

Eu esperava o caos. Tinha me preparado pra boca trancada, carinha de nojo, sopa cuspida. E ela simplesmente amou! Abre uma boca que mal cabe na cara dela, resmunga de ansiedade entre as colheradas e ainda mastiga, sabe-se lá como. E ri de boca cheia e fala da-da-da e fica coberta de sopa até as orelhas, um belo espetáculo.

Mas aí eu notei uma coisa: ela sempre come vorazmente por 5 minutos e depois começa a espirrar e fungar e coçar o rosto. Eu achei que era alergia a algum alimento, até o dia em que ela espirrou e, no impulso, ejetou pelo nariz um teco de papa verde. Aí eu entendi: eu, jeitosa que sou, estava enfiando litros de sopa dentro do nariz dela a cada colherada.

Não bastasse isso, a coitadinha ainda tava levando a injusta fama de melequenta por conta das caquinhas que ficavam grudadas no nariz. Eu olhava e pensava: meu deus, essa menina não era caquenta assim, que houve, será que é gripe?, enquanto ia xuxando o lencinho nariz adentro, pra tentar pescar o resto da sujeira. Humilhante, pobrezinha. E tudo culpa da falta de perícia da mamãe aqui.

Aí fiquei pensando: será que comida intra-nasal é uma ocorrência comum nos filhos de primeira viagem?

Será que mais gente já foi vítima da descoordenação (dos outros ou própria) e levou uma fama injusta por causa de coisas estranhas grudadas no nariz?

Será que a Amy é primeira filha e ainda mora com a mãe???

Hein? Pó branco? Mas isso é mingau de aveia, gente!