terça-feira, fevereiro 28, 2006
 
:: dvdteca.04.minha amada imortal

confesso a vocês que entendo bulhufas de música erudita. uma ou outra peça posso reconhecer e dizer o nome. mas digo a vocês que a música mais bonita que foi feita é a "nona sinfonia de beethoven" e já tinha isso em mente antes de ver o filme "minha amada imortal".

o bacana desse filme não é tanto a relação do criador e obra -- apesar de eu gostar muito mais quando exploram esse tipo de relação nos roteiros dos filmes --, mas os desencontros que vão se seguindo durante o filme.

o assistente de beethoven, depois de sua morte, quer saber quem é a amada imortal que citada numa das cartas do compositor. ao entrevistar alguns familiares e amigos, o filme faz um mosaico de visões que nos dá impressão de que beethoven é um cara chato e excêntrico e que isso não condiz com sua obra. no entanto, ao longo da narrativa, percebemos que a mágoa vinha dilacerando sua alma e os desencontros acentuavam isso.

até que a seqüência final é de uma redenção surpreendente. enquanto todos tinham como acabado e louco, beethoven apresenta sua nona sinfônia, uma música com uma dramaticidade impar, nuances e que em seu último movimento faz uma celebração da alegria, da felicidade. era como se ele tivesse pego todas as suas felicidades em vida e tivesse tecido uma colcha e exposto aos ouvidos do mundo (no filme, a sequencia é um paralelo entre o compositor sendo aplaudido e um céu de estrelas). ao se virar, beethoven recebe os aplausos com gratidão.

um dos personagens diz que a pessoa que compôs aquela música não poderia ser uma pessoa ruim.

isso me faz pensar até hoje.