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quarta-feira, junho 30, 2004
sabes que vou partir com os olhos rasos d´água e o coração ferido quando lembrar de ti me lembrarei também desse amor proibido fácil demais fui presa servi de pasto em tua mesa mas fique certa de que jamais terá o meu amor porque não tens pudor... é isso! fui! beijos para todos... nos vemos por aí! segunda-feira, junho 21, 2004
Parabéns, Lu! Parabéns, Marcio! Acabo de constatar que vocês ensanduicharam o aniversário do Chico Buarque, o que deve dar uma sorte louca!!! Beijos, queridos, tudo de bom pra vocês! quinta-feira, junho 17, 2004
:: luiza faz um frio danado nesta cidade estes dias. disse-me o barbeiro que só havia sentido frio assim em dois momentos de sua vida: quando abriu o estabelecimento e quando um acidente de carro quase lhe amputara um braço. estava eu sentado em sua cadeira vendo a mudança que estava fazendo nas madeixas. pedi com 90% de certeza: "tira tudo!" sua experiência considerou os 10% restante e ele começou a negociar comigo. acabei cortando metade. mas com o frio como se negocia? ele costuma ouvir uma rádio quase exclusivamente de canções dos anos 80. lembrei-me de você. nem tanto pelos 80, mas pelo fato de estar tocando um rádio num som quase despercebível. a gente conversava sobre o frio e eu lembrando da sua voz e essas expressões que você vai pegando por aí e reinventa. ia comentar com ele: "eu tenho uma amiga que trabalha em rádio". mas o que dizer depois? ele muito experiente sabia levar uma conversa. deixei. dentro das minhas preocupações que corriam paralelo a conversa, ocorreu-me que este mês não ando bem das pernas financeiramente. ano passado, lembro-me de ter lhe dado um livro, talvez henry james, talvez austen, não estou certo. esse ano provavelmente só vou ligar e tentar dizer o quanto é importante mas sem conseguir com a eficência preterida. gosto do meu barbeiro porque a eficiência, para ele, está diretamente ligada a uma boa sessão de corte, num bem estar espiritual para ambos, tesoura e capilares. talvez não seja o melhor, mas pensei em escrever um texto, esse texto aliás. talvez eu veja o meu barbeiro mais que a você. já o conheço há anos. antes eu tinha um cabelo desgrenhado. comecei a gostar do meu cabelo depois que o conheci. com você acontece algo parecido, desde que a conheci gosto mais de alguma coisa em mim que não sei bem o que é. vou me lembrando das pessoas aos poucos, esquecendo também. saudade é manufatura em excesso hoje em dia. tinha que baixar o preço. pago o barbeiro. ele guarda sem contar, já havia me agradecido muito antes, a partir do momento em que entrei no seu estabelecimento, em cada tesourada, penteada, vista precisa. sabe que vai me rever no mês que vem. e eu, quando a reverei? nesses dias frios a gente sempre encontra motivos para ficar em casa, nos resguardar para dias melhores, quentes talvez. o barbeiro diz: -- esqueceu o casaco ! penso que é até uma boa idéia. vou-lhe dar um casaco, luiza. p.s. feliz aniversário adiantado! quarta-feira, junho 16, 2004
:: 2 discos disse-me uma amiga que antes de eu partir dessa para uma melhor, tenho que acabar a "porra" do livro e ter esses dois discos. só falta a "porra" do livro. perguntei: "e o lance de ter filho e plantar uma árvore? ". ela retrucou: "para quê? o mundo é um moinho." ah, tá. =) :: pixinguinha talvez o choro -- muitos dizem que o termo chorinho é errôneo -- seja o gênero brasileiro mais sofisticado que há. sempre tive essa impressão, mas nunca pensei de forma clara. ouvindo algumas gravações antigas, principalmente desse tal "pixinguinha", anda difícil falar o contrário. um exemplo é a genial "lamento" que talvez seja o choro por excelência. se quiserem ver o talentoso saxofonista dando uma das suas na flauta baixem "urubu malandro". sou muitas vezes avesso à sofisticação. gosto de coisas simples. mas é que esse choro bateu forte no meu coração. historicamente, o choro se desenvolveu concomitantemente com o jazz americano. é diferente da bossa nova que teve influências fortes de um jazz já consolidado. o choro é primo do samba também. há o pandeiro lá marcando o ritmo e dando as suas. e há o cavaquinho mesmo que o bandolim e a flauta sejam os timbres mais comuns. choro é legal. roubando de cartola: disfarça e chora. p.s. num momento de total chapadez -- estava cheirando tinta que vinha dos subsolos do centro cultural -- percebi o quanto style é pixinguinha (vide foto). e a galera de hoje precisa de tatuagem e piercing... ê laiá! =) segunda-feira, junho 14, 2004
:: orkut galera, deletei-me do orkut. o fato de ser impopular não é tão legal. e parecia que amigo era para fazer número. :: os dias dos meus cansaços assisi a um programa da cultura chamado café filosófico. não é dos melhores, mas como filosofia sempre me atraiu, não pude deixar de assistir à palestra da filósofa maria tiburi sobre a tristeza. gosto muito dessas questões conceituais e esse em especial me fez questionar alguns termos como melancolia, depressão, a própria tristeza e o inverso disso: a alegria, a felicidade e o bem estar. ando um pouco desempolgado com as coisas. preciso de férias. faz tempo que eu não me sentia assim. normalmente, invento algo para me empolgar, porque a vida é basicamente isso: invenção e empolgação. pelo menos para mim. é meio esquisito não conseguir articular nada e não ter empolgação alguma. talvez seja um momente de análise, de questionamento das coisas que já fiz. é preciso um retiro, talvez, para organizar todas as idéias caóticas que tive durante esses anos. sei que não parece muito, mas os poucos que me acompanham com alguma aproximidade tem idéia por onde minha cabeça anda. talvez ela queira voltar para casa agora. estou estruturando uma história mais longa que o usual. juntando os montes de esboços, rabiscos e estruturas, vejo-me numa encruzilhada. sei que todos esses pedaços podem ser uma coisa só e sei também que dizem algo que na época gostaria de dizer, algo a cerca de estilhaços e a imperfeição de repará-los, mas uma tentativa no fim alegre, talvez esperançosa. vejo tudo isso nessas folhas rabiscadas e posts antigos. mas não sei se é o momento de fazê-lo. quero muito ter um projeto de vida e me sinto bastante preparado para isso (muito por causa da enorme quantidade de material e não tanto pela empolgação). mas estou cansado. e esse cansaço me dá tristeza. acho que esse post é meio inútil e estive quase para deletá-lo. mas talvez encarando-o assim, possa me dizer algo. sábado, junho 12, 2004
:: os versos desde que parei com o parachutes para me dedicar a escrever uma história longa ando revisitando as coisas que escrevi. e puxa vida, escrevi muita coisa. 70% é bem imprestável devo admitir, mas 30% tem lá seu encanto. li alguns versos antigos -- abandonei os versos pela falta de síntese -- e percebi que era bonito estar apaixonado. normalmente eu escrevia versos quando estava apaixonado. tem gente que corta o cabelo, tem gente que compra roupa, tem gente que emagrece, tem gente que vai aprender um instrumento, eu escrevia versos quando estava apaixonado. e eram coisas extremamente pessoais e cheias de referências internas. sempre achei que eram pedantes, mas agora nem os acho tanto. talvez porque estivesse apaixonado e evitasse dizer essas coisas em conversas ordinárias por achá-las extremamente irritantes. a linha de teu nariz, conjunção de teus olhos e olheiras. as sobrancelhas que esperam e o cabelo que cai. algumas planícies saturadas em cor até o teu sorriso. o teu sorriso que está a revelia, terra-média. longe e quase só. estica o canto da boca até próximo das orelhas e ouvirá elogios. esses lugares que parecem bases de lançamento de foguetes, porque estão todas próximas às estrelas. acho que o trauma de tantos ressentimentos e mágoas me tirou um pouco a coragem de escrever versos. acabo me achando extremamente tolo quando me pego escrevendo: "ih, o márcio está escrevendo versos. deve estar apaixonado..." e depois todos esperam os versos tristes da incompletude e a volta para a prosa. amiga, é isso que dói: a alma. a gente imagina mil pilulas coloridas que possam compensar, mas nunca é suficiente; nunca basta para cessar completamente essa dorzinha. a gente inventa música e letra para querer representar mas sempre faltam detalhes aí a gente monta cd's e antologias pensando que representará plenamente a dor. mas no fundo é só uma colcha de retalhos. amiga, é a alma que vai doendo diferente por dia e tem dias que a gente esquece porque a dor dá tréguas mas não perdão. e vamos esquecendo, inventamos os vários tipos de analgésicos e suportarmos mesmo sem eles porque antes de tudo podemos aliviar a de outros. talvez eu não seja muito feito para escrever versos mesmo. a prosa acaba sendo o melhor viveiro para as almas famigeradas. o verso sonha e eu cansei um pouco de sonhar demais. penso se a nossa vida não é sonhada por demais, se ela está se liquefazendo de tantos planos e invenção. se ela é uma grande fuga dos reais problemas do dia-a-dia. esta vida sonhada em que há sempre uma trilha sonora, em que há poesia em cada palavra, em que há drama em cada ação, em que me aproprio dos conceitos e normas e os faço mais divertidos, em que há tanta esperança, mas tanta, que se desconfia. talvez não tenha desistido de escrever versos. o dia de hoje é para escrever versos. espero que todos que possam escrevam o quanto podem as coisas que transbordam a cabeça e o coração. sonhei que sabias quem eu era e que tinhas segurado as minhas mãos para me dizer que, apesar de tudo, não era de teu interesse julgar. sonhei que sabias quem eu era pois era uma condição do amor pleno. se o amor fosse uma idéia, talvez não sonhássemos com tanta freqüência. porque não necessitaríamos de tanto tempo para compreendê-lo, em vão. sonhei que o conhecimento era uma forma de amar. e se tivéssemos um guia prático, ainda gostaríamos que fosse absurdo abusar de tanta técnica e resultados. porque o bom amor está à revelia de sua total realização. talvez, o amor esteja na estrutura simples de um gesto como um beijo, um abraço, olhares, e no sono justo para alguém que trabalhou o dia inteiro. ou talvez no simples desejo que fosse perfeito. feliz dia dos namorados a todos ! sexta-feira, junho 11, 2004
:: a procura da batida perfeita _ preciso me encontrar + cartola estou começando essa coluna chamada "a procura da batida perfeita" roubado descaradamente da música do marcelo d2. a idéia dessa coluna é simplesmente falar das músicas que acho fodonas. dessas que fodem o coração e destroem a precisão do conceito do que é perfeito. tenho um jeito meio literário de ouvir música. por isso devo falar mais das letras que das próprias canções. a primeira música é a "preciso me encontrar" de candeias. conheço somente duas versões para ela, uma com a marisa monte e outra com o próprio cartola. essa música resume tudo que eu acho de bom no samba: música simples, letras ainda mais, sincero e aquela tristeza alegre ou alegria triste. penso em muitas coisas quando ouço essa música. acho que me dou melhor ou pelo menos tenho uma relação mais intensa com pessoas que tem essa camada de tristeza. penso nelas quando ouço essa música. de repente, me dei conta que o cartola fez há muito tempo o que muita gente tenta agora: dizer que está perdido, mas que não perde a fé de se encontrar: "sorrir para não chorar", quer coisa mais representativa do samba? pelo menos é a coisa que mais gosto nele. Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar, sorrir para nao chorar. Quero asistir ao sol nascer, ver as aguas dos ríos correr, ouvir os pássaros cantar, Eu quero nascer, quero viver, Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar, sorir para nao chorar, Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar, Depois que eu me encontrar. Quero... segunda-feira, junho 07, 2004
:: Hino da cafajestagem Não se enganem com a cara simpática e bonachona do Jorge Aragão, aquilo ali esconde um macho muito do safado. Saca só: Eu não tô com bala pra sair com a Chica Pra sair com a Chica tem que tá sarado Eu tô mal dormido mal alimentado Tomei um negócio tô meio chapado Mas eu disse a Chica tudo o que eu queria Tirei uma onda de apaixonado Eu não ando bem com a dona Maria Falta mixaria pra eu sair ralado Chiquinha não sabe que eu sou de terreiro Malandro maneiro e bom pegador Na linha de frente eu sou artilheiro Sou um bom parceiro no jogo do amor Não posso dar mole não vou pagar mico Queimar o meu filme não posso jamais Porque minha fama passou da fronteira Pra dar de madeira tem que tá com gás Eu não tô com bala pra sair com a Chica... Chiquinha não pode ser mal trabalhada Moleca levada pode debochar E até colocar o meu nome na praça E só de pirraça querer me quebrar Malandro cabeça não marca bobeira Marquei sexta-feira no mesmo lugar Vou dar um sacode tipo de primeira Eu tenho um pandeiro e um nome pra zelar Canalha! domingo, junho 06, 2004
:: aurora fala sério! domingão e eu aqui trabalhando... o que a gente não faz por uma graninha extra... ê laiá! pelo menos fiz um programação para rádio interna daqui boa para caralho (para mim, é claro). tem portishead, aretha, blues brothers, cartola, grandaddy. se alguém reclamar eu vou dizer: num fodi, hoje é domingo. fiz uns 2 litros de café para poder agüentar até às 6 da tarde. tenho que digitar uns relatórios e preparar um material para um workshop. amanhã o diretor do ccsp vai dar uma olhada no site da rádio. quem quiser ver em primeira mão acesse: http://www.centrocultural.sp.gov.br/radio/radio.htm mas não espalha ainda. está em fase de teste e tem que passar urgente por uma revisão. quinta-feira, junho 03, 2004
:: sidney bristow eu casava. juro por deus. sidnei bristow é meu tipo de mulher. inteligente, com várias habilidades, pós-graduando em literatura, linda de morrer, lábios hipnotizantes, aquela angustiazinha existencial que dá charme e olheiras, vários tipos de cabelos, vários tipos de vestidos, dança, canta, luta várias artes marciais, é agente-dupla e tem um sorriso arrebatador. ai ai... =) :: adalgisa a arquitetura na cidade de adalgisa tem a virtude de ser invisível. há, sob as ruas, engenhosas galerias não só para o escorrer de males e chuvas, mas também caminhos para se fugir. em adalgisa, o significado de fuga transcende a mera covardia usual. muitos usam como um repouso mais longo ou o tempo ideal para as massas de pães crescerem. nas galerias fugidias de adalgisa há janelas que dão para a superfície. na parte mais próxima do céu, adalgisa parece uma cidade comum a não ser pelas galerias vistas das janelas do chão. o povo chama esses fluxos expostos de riochetes e os sábios os utilizam em metáforas sobre o tempo que passa, que tudo enfim, passa. mas como podemos ter a consciência da arquitetura invisível de adalgisa? assim como os átomos e o infinito são comprovados pela inexatidão das evidências, adalgisa está nos sorrisos e espantos de seus moradores que se encontram e desencontram pelas ruas e galerias da cidade. adalgisa não é sorriso, mas se constroe de. publicado também no parachutes. |
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