terça-feira, março 09, 2004
 
:: A vida imita a arte. Ou não.

Eu adoro andar. Pode parecer desculpinha pelo fato de eu não dirigir, mas é verdade, eu curto mesmo. Volto do trampo a pé numa boa, meia hora de caminhada por Sumaré e Vila Madalena, na descida. Tranquilíssimo.

Hoje eu saí da MTV mais cedo - já contei que eu voltei pra MTV? - e ia indo numa ótima: especialmente saltitante, falando sozinha (sim, eu falo sozinha. Capítulo à parte) e dando risada da minha vida tão estranha. Cena de cinema, só faltou tocar Vivaldi pra minha volta pra casa virar propaganda de Vinólia, eu caminhando com cabelos ao vento e ar de gazela entre pétalas de rosas.

A grande diferença é que em propaganda de Vinólia não cai uma tempestade na cabeça da garota.

Já que eu estou longe de ser uma garota-Vinólia, resolvi não me incomodar. Um chuveiro quente me esperava, então aproveitei pra tomar água na cabeça com o maior prazer do mundo, prestando atenção no cheiro, no céu, nas ruas vazias e nas pessoas abrigadas me olhando com pena - vai entender, eu era provavelmente a única que estava feliz com aquela água toda. Feliz mesmo, empolgada, quase emocionada, andar na chuva tem um quê de epifania, é um lance meio "conexão com a mãe-natureza" misturado com um sentimento rústico e másculo de "eu ando na chuva mesmo e ninguém tem nada a ver com isso!", tomar chuva de verão ainda por cima é refrescante e serve pra lavar a alma, o que quer que isso signifique, enfim, um daqueles momentos lindos e mágicos do cotidiano.

Provavelmente essa magia toda só vai micar quando eu descobrir que contraí leptospirose.