terça-feira, janeiro 27, 2004
 
:: o último samurai

estava saindo da sessão do "último samurai" quando ouvi um comentário mais ou menos assim: "é um filme americanizado, mas a fotografia é boa, etc..." eu estava exatamente pensando no que escrever sobre o filme e tive uma impressão parecida. achei o cara um babaca, mas realmente ele tem razão: é um filme americano. o confronto das culturas é muito interessante. a galera do cinema achou engraçado algumas coisas da cultura japonesa, confesso que achei algumas coisas exageradas, mas não consegui rir do harakiri ou da honra feudal que tem um samurai.

chamou-me muita atenção o tratamento da honra. é claro que no filme é muito glamourisada, parece que só tem honra quem é samurai. fiquei pensando qual o melhor conceito de honra para mim. e durante essa chuva paulistana pensei: honra é se dar. quando dizemos que é uma honra servir alguém, estamos falando que é um prazer se dar a essa pessoa. é meio estúpido se dar tão ingenuamente. mas são esses ingênuos quem movem a roda da história.

mas se dar ao que? tem gente que se dá a umas coisas mas nem assim é honra. pensei: honra é se dar a alguém que pode se dar também. por isso que honra não é se dar ao dinheiro por exemplo. japonês tem essa coisa de pessoa agradecida.

o filme em sim me soou romantizado, mas foi prazeroso ouvir a sonoridade da língua japonesa. melhor foi pensar em quantos samurais andam por aí com a difícil tarefa de manter sua espada afiada: a tarefa de seguir seus príncipios.